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    Vicente Márcio Proença Pereira (1943-2017)

    Mortes: inabalável amante da música e do trabalho

    LAURA LEWER
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/05/2017 00h00

    Arquivo Pessoal
    Vicente Márcio Proença Pereira (1943-2017) e sua filha, Flávia
    Vicente Márcio Proença Pereira (1943-2017) e sua filha, Flávia

    Para Márcio Proença, suas músicas eram como se fossem filhas. Gostava de todas, sem distinção. Tudo bem se uma ficasse mais conhecida que a outra e pouco importava se não trouxessem dinheiro algum –sem nenhuma vaidade, costumava dizer que seu único compromisso era com a "deusa música". E ele não podia tratá-la mal.

    Dono de uma tranquilidade inabalável, falava baixo, andava devagar, nunca levantava a voz. O mesmo ritmo não se aplicava à música: as composições eram feitas em minutos, no violão que sempre levava consigo.

    Os acordes e letras do niteroiense ganhavam vida nas vozes de Nanna Caymmi, Beth Carvalho, Gonzaguinha, Alcione. Se quisesse, Márcio poderia ter vivido de música. Não era o caso: seria complicado demais.

    Até tentou conciliar os palcos com seu emprego na Advocacia-Geral da União, mas preferia perder shows a um dia de trabalho. Sua única pretensão era compor e, eventualmente, ouvir suas músicas tocando no rádio.

    As várias tatuagens, cordões e anéis contrastavam com a personalidade metódica de quem faltava ao trabalho a contragosto mesmo depois do diagnóstico de leucemia, descoberta em 2010.

    Não tinha medo da morte e encarou a doença com a mesma serenidade com que encarava todo o resto. Segundo a ex-mulher Adriana, parecia aplicar a tudo o seu lema de não se "incomodar com coisas pequenas".

    Aos 73 anos, morreu no último domingo (21). Deixa três filhos, dois netos, dois irmãos e incontáveis músicas.

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