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    Gestão Doria contratará ambulâncias para recolher usuários de crack

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    27/05/2017 18h04 - Atualizado às 20h14

    Bruno Santos/Folhapress
    Usuários de droga na Praça Princesa Isabel, no centro, após desocupação da Cracolândia
    Usuários de droga na Praça Princesa Isabel, no centro, após desocupação da Cracolândia

    A gestão João Doria (PSDB) afirmou neste sábado (27) que vai contratar um serviço de ambulância especializado para recolher à força usuários de crack para tratamento. A administração estima que pode remover até 100 pessoas nessas condições.

    A autorização para levar usuários de crack à força foi dada na sexta-feira (27), pelo juiz Emílio Migliano Neto. Neste sábado, os secretários tiveram reunião para definir como será feito esse procedimento.

    De acordo com o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, as equipes que abordarão os viciados serão formadas por dois agentes de saúde, dois agentes de assistência social e agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

    "A GCM tem a única finalidade de proteger para que não aja tumulto ao redor", afirmou o secretário da saúde. "Vamos utilizar ambulâncias de remoção especializadas em atender pacientes de saúde mental, que serão contratadas especialmente para este serviço."

    A prefeitura instalou um Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) móvel na praça Princesa Isabel, maior dentre as cracolândias que se formaram na cidade desde a operação do último domingo (21). A estrutura funciona 24 horas por dia com dois psiquiatras de plantão e deve permanecer no local até o fim do ano, segundo a administração. Até as 18h, foram feitas 17 internações voluntárias de pessoas que procuraram a tenda, diz a prefeitura.

    A gestão ainda vai criar um protocolo psiquiátrico para que os agentes municipais saibam quem se encaixa no perfil de pessoa a ser removida compulsoriamente. "O indivíduo, se tiver capacidade total de contato, estiver se comunicando bem, não há por que transportá-lo", diz Pollara.

    A Folha apurou que há resistência entre parte dos agentes de saúde a fazer o tipo de abordagem proposta pelo programa de Doria. Esses funcionários temem perder a confiança dos usuários de drogas e até pela própria segurança.

    Pollara afirmou que os funcionários que não se sentirem confortáveis fazendo esse tipo de serviço não serão obrigados e poderão atuar em outras áreas dentro da administração municipal.

    Os pacientes passarão por desintoxicação em centro psicossociais.

    Neste caso, não haverá um juiz específico para atender esse tipo de demanda. Mas, como se trata de casos de urgência, a expectativa da gestão é que as decisões judiciais saiam rapidamente.

    Ainda não se sabe se haverá um limite de tempo para que essas pessoas sejam liberadas dos locais e se períodos mais prolongados nessa situação podem configurar internações compulsórias.

    PARA ONDE FORAM OS USUÁRIOS

    AÇÃO

    A solicitação da gestão Doria à Justiça foi feita às pressas nesta semana. Ela ocorreu após a desarticulada ação no último domingo (21), quando policiais civis e militares, ligados ao governo do Estado, prenderam traficantes e desobstruíram três vias tomadas havia anos por viciados.

    O novo programa anticrack de Doria, porém, não estava pronto. Uma das promessas era o cadastramento prévio dos usuários, para que recebessem encaminhamentos corretos, como tratamento médico.

    Sem isso, em meio a ações atabalhoadas e discursos oficiais dissonantes, o que se viu foram viciados espalhados pelas ruas e a formação de uma grande concentração deles na praça Princesa Isabel.

    O prefeito, no entanto, se recusou a falar sobre o assunto durante evento do programa de zeladores Cidade Linda, na Pompeia (zona oeste de SP). Mais tarde, em evento na zona sul, ele também delegou o secretariado para falar sobre a cracolândia.

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