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Prédio abandonado que era usado como "casa do crack", em Nova York, em foto de 1986 |
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Cotidiano
Tuesday, 02-Jul-2024 00:34:42 -03NY usou os 'tribunais de drogas' contra epidemia de crack da década de 1980
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DE NOVA YORK01/06/2017 02h00
Foi em meados da década de 1980 que o crack se tornou uma epidemia em Nova York. Pouco conhecida, poderosa e bem mais barata do que a cocaína, a droga se espraiou.
Em vizinhanças no Harlem, no sul de Manhattan e no Brooklyn traficava-se ao ar livre e consumia-se nas ruas, em automóveis e em prédios abandonados, conhecidos como "casas do crack".
Editoria de arte/Folhapress Na esteira da recessão do início da década, a cidade enfrentava uma grave crise financeira, que entre outras consequências reduziu o contingente policial.
Enquanto no plano federal a administração Ronald Reagan aprovava, em 1986, uma lei que agravava as penas para portadores e usuários, na cidade a polícia fazia o que podia para tentar reprimir o tráfico e o consumo.
O número de prisões disparou, mas os resultados foram frustrantes. A Justiça e as casas de detenção entupiam, mas as "cracolândias" continuavam a prosperar –apenas mudavam de lugar.
A polícia e os agentes do DEA, a agência federal de combate às drogas, aprenderam que não estavam lidando com quadrilhas e cartéis hierarquizados, como no caso da cocaína. Não se tratava de prender os chefes e desbaratar organizações criminosas. O tráfico era pulverizado. Gangues se multiplicavam e brigavam entre si, elevando índices de criminalidade.
Em 1989, numa tentativa de mudar a pouca eficácia da repressão, surgiram em Miami os chamados "tribunais de drogas", cortes com estrutura judicial de promotoria e defesa combinadas à atuação de assistentes sociais e agentes de saúde comunitários para tratar os viciados.
Presos com drogas em quantidades de consumo passaram a ter, nesses tribunais, a alternativa de livrar-se da cadeia caso aderissem a um programa de recuperação, com duração de cerca de um ano. A corte foi replicada às dezenas em Nova York. Hoje são mais de 140.
Os tribunais se revelaram uma alternativa mais barata e eficaz no combate ao vício e à criminalidade a ela associada do que o encarceramento.
Além da conjugação de repressão ao tráfico e tratamento para os usuários, especialistas apontam como fator para o fim da epidemia a reação comunitária e geracional ao contraexemplo da devastação provocada.
Em 1994, o ciclo do crack já era declinante e a economia melhorava quando Rudolf Giuliani assumiu a prefeitura, reaparelhou a polícia, reduziu os índices de criminalidade e tornou famosa sua polêmica política de "tolerância zero".
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