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    Câmara Municipal de SP pagará PMs por 'bico oficial' no entorno do prédio

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    05/06/2017 02h00

    Dias após começar a exigir documento com foto de visitantes, a Câmara Municipal de São Paulo decidiu contratar 30 PMs para fazer a segurança do entorno do Legislativo.

    Os policiais farão ali o chamado "bico oficial" –pagamento extra à PM, medida iniciada na gestão de Gilberto Kassab (PSD), prefeito de 2006 a 2012. O valor gasto agora, no entanto, sairá do orçamento da Câmara.

    A decisão foi publicada no "Diário Oficial" da Cidade no mês passado, mas ainda falta definir quando começará o trabalho extra, cujo nome oficial é Operação Delegada.

    A contratação desses PMs vai custar R$ 2.800 por policial por mês, totalizando em torno de R$ 1 milhão por ano.

    Luiz Franca / CMSP
    Policiais militares farão segurança no entorno do prédio da Câmara de São Paulo
    Policiais militares farão segurança no entorno do prédio da Câmara Municipal de São Paulo

    Policiais militares já atuam ali dentro do Palácio Anchieta, prédio sede da Câmara.

    Agora, eles também farão policiamento no entorno –como viadutos Jacareí e 9 de Julho, ruas no quadrilátero que cerca o edifício e as passarelas que dão acesso ao terminal de ônibus Bandeira.

    A medida é polêmica, já que a vigilância seria obrigação da PM independentemente do pagamento extra.

    Essa é a segunda vez que a Mesa Diretora faz mudanças para reforçar a segurança da Câmara. Desde o último dia 11, só é possível entrar no prédio após apresentar documento com foto a funcionários posicionados em balcões.

    A nova determinação ocorreu após casos de furto no Legislativo e acusações de invasões em gabinetes durante reuniões da Casa –casos relatados por Juliana Cardoso (PT) e pelo opositor dela, Fernando Holiday (DEM).

    O motivo da nova medida são crimes ocorridos dentro e fora da Câmara, segundo o presidente, Milton Leite (DEM). "Temos um número significativo de casos [de roubos e furtos] dentro e fora da Câmara. No passado, houve mais de 80 ocorrências [a maioria delas são furtos]."

    GASTO EXTRA

    O presidente da Casa diz que o gasto extra não será problema. "Como estamos reduzindo custos na Câmara desde o começo do mandato, podemos gastar com isso."

    Segundo a Câmara, no início deste ano houve redução do número de guardas municipais, de 96 para 77, gerando queda de gastos da ordem de R$ 51 mil por mês -de
    R$ 311,6 mil para R$ 260,3 mil.

    Além disso, diz que irá economizar R$ 6,3 milhões ao longo do ano após a aposentadoria de 14 servidores com altos salários e 15 que atuavam na TV Câmara.

    Analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Guaracy Mingardi considera que a medida não faz sentido. "Não sei porque precisa da PM se a Guarda Civil Metropolitana já faz a segurança do prédio. Isso me parece só uma forma de gastar dinheiro", diz.

    Para o consultor, que é crítico da Operação Delegada, o policiamento no entorno do Legislativo deve ser feito pela PM independentemente de pagamento extra. "A área central da cidade já tem policiamento. Não é certo pagar a mais para a PM por algo que ela já é paga para fazer."

    A reportagem procurou a PM para comentar o convênio com a Câmara Municipal, mas não obteve retorno.

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