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    Ministro quer regra para liberar vacina a todos após novas campanhas

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    06/06/2017 13h48 - Atualizado às 16h00

    Newton Menezes/Futura Press/Folhapress
    Auxiliar de enfermagem aplica vacina em UBS na Barra Funda, em São Paulo
    Auxiliar de enfermagem aplica vacina em UBS na Barra Funda, em São Paulo

    O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta terça-feira (6) que a pasta irá discutir uma "regra permanente" para que novas campanhas de vacinação tenham um prazo fixo para imunização de grupos prioritários. Em seguida, a vacina seria liberada para toda a população.

    A medida será apresentada ainda neste mês à CIT (comissão intergestores tripartite), composta por secretários estaduais e municipais de saúde, e que define novas ações a serem adotadas no SUS.

    Assim, caso não atinja a meta de vacinação do público-alvo no prazo previsto, como ocorreu com a campanha de imunização contra a gripe neste ano, a vacina passa a ser ofertada a todas as faixas etárias.

    "Queremos que isso se torne uma política permanente nossa. Haverá prazo para o público-alvo, e terminado o prazo, a vacina fica disponível para todos. Já perdemos milhões e milhões de doses de vacina anteriormente por ficar prorrogando campanhas e atingir um público-alvo que não se apresenta", afirmou.

    O ministro não informou, porém, para quais tipos de vacinas a medida proposta poderia valer – inicialmente, a ideia seria adotar nas próximas campanhas de vacinação contra a gripe.

    Imunização no Brasil - % de pessoas aptas a tomar a vacina que se imunizaram (2016)

    A iniciativa ocorre em meio à polêmica sobre a liberação da oferta da vacina da gripe para a população que não faz parte do grupo prioritário, formado por pessoas com maior risco de complicações e mortes devido à gripe.

    Fazem parte desse grupo idosos, gestantes, puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto), crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, entre outros.

    Sem atingir a meta de vacinar até 90% do público-alvo, a campanha, inicialmente prevista para terminar em 26 de maio, foi prorrogada até dia 9 deste mês.

    Na última sexta-feira (2), porém, o ministro anunciou que os estoques ainda disponíveis da vacina -cerca de 10 milhões de doses– poderiam ser ofertados nas unidades básicas de saúde para todas as faixas etárias.

    A medida recebeu crítica de especialistas, para quem, com a liberação de poucas doses para toda a população, há risco de faltar vacina para pessoas que fazem parte dos grupos mais vulneráveis à gripe e ainda não foram vacinadas.

    Para o secretário de saúde do Paraná e presidente do Conass, conselho que reúne secretários estaduais de saúde, Michele Caputo Neto, a medida de liberar a vacina para todos foi "precipitada".

    "Faltou avaliar isso entre outros gestores do SUS. Imagina se uma gestante, um diabético grave, precisar da vacina e não tiver porque abriu para grupos mais saudáveis e menos expostos [a riscos da gripe]", diz ele, para quem era preciso respeitar o novo prazo antes de anunciar as mudanças.

    VACINA CONTRA O HPV - % de meninas de 9 a 15 anos aptas a tomar a vacina que se imunizaram (de 2013 a mar.2017)

    Em São Paulo, a secretaria estadual de saúde anunciou que iria manter a vacinação apenas para os grupos prioritários. Medida semelhante foi adotada por outros Estados, como o Paraná, que anunciou que irá estudar uma possível ampliação apenas após o fim da campanha, na sexta-feira (9), mas ainda considerando outros grupos mais vulneráveis, como moradores de rua, por exemplo.

    Questionado, o ministro afirma que os Estados e municípios têm autonomia para tomar decisões. Para ele, porém, a liberação é "adequada".

    "A vacina da gripe tem que ser aplicada antes do inverno chegar", afirma. "Defendo que não percamos vacinas."

    Segundo o ministério, a orientação é que, nos Estados que aderiram à liberação, pessoas que fazem parte dos grupos de maior risco para a gripe, como idosos, tenham prioridade na fila para receber a vacina.

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    IMUNIZAÇÃO NO BRASIL

    GRIPE
    Contra o quê:
    Três subtipos do vírus da gripe (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B)
    Doses/público alvo:
    Uma dose todo ano, para gestantes, puérperas, crianças de 6 meses a 5 anos, idosos, doentes crônicos, professores, funcionários de presídios e presos e adolescentes internados

    TRÍPLICE VIRAL D2
    Contra o quê:
    Sarampo, caxumba, rubéola e catapora
    Doses/público alvo:
    Crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos não vacinados; são necessárias duas doses

    POLIOMIELITE
    Contra o quê:
    Poliomielite ou paralisa infantil
    Doses/público alvo:
    Três doses injetáveis, no 2º, 4º e 6º mês de vida do bebê; são indicadas duas doses de reforço da versão oral, aos 15 meses e aos 4 anos

    ROTAVÍRUS HUMANO
    Contra o quê:
    Vírus que causa diarreia grave, acompanhada de febre e vômito?
    Doses/público alvo
    Aplicada em duas doses, no 2º e no 4º mês de vida

    PENTAVALENTE
    Contra o quê:
    Difteria, tétano, coqueluche, meningite, hepatite B e outras infecções
    Doses/público alvo
    Três doses a partir dos 2 meses de idade (2º, 4º e 6º mês)

    MENINGOCÓCICA C
    Contra o quê
    Bactéria meningocóco C, responsável por 60% das meningites
    Doses/público alvo
    Três doses, no 3º e no 5º mês, com reforço aos 12 meses; para adolescentes de 12 e 13 anos, dose única ou reforço

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