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    Só países subdesenvolvidos têm internação em massa, diz Haddad

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    16/06/2017 19h04

    Marlene Bergamo/Folhapress
    COTIDIANO - SAO PAULO - O Prefeito Fernando Haddad no heliponto da Prefeitura. Ele deixa de ser Prefeito no dia 01 de Janeiro. - 21/12//2016 - Foto - Marlene Bergamo/Folhapress - 017
    Fernando Haddad (PT) no heliponto da prefeitura, no centro de São Paulo

    O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) criticou nesta sexta-feira (16) a possibilidade de internação em massa de dependentes químicos, prática que, segundo ele, só existe em locais subdesenvolvidos.

    A ideia de fazer internações à força é defendida pela gestão João Doria (PSDB) para tratar usuários da cracolândia, no centro de São Paulo, alvo de operação de Estado e prefeitura no mês passado. Com a retirada de viciados do antigo reduto de tráfico e uso de drogas, eles acabaram migrando para uma nova cracolândia, na praça Princesa Isabel, a 400 metros da original.

    Haddad foi questionado pela Folha sobre as ações de Doria na cracolândia durante sua participação no 55º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Belo Horizonte.

    Doria havia pedido à Justiça aval para recolher moradores de rua à força para submetê-los à avaliação médica. Dependendo do diagnóstico, em seguida poderia ser pedida a internação compulsória. Na ação civil pública, a prefeitura dizia ter 270 vagas disponíveis para esse tipo de tratamento.

    "É uma coisa despropositada, não acontece em lugar nenhum do mundo civilizado, só acontece em país subdesenvolvido", disse Haddad. A ideia da gestão Doria acabou barrada pelo Tribunal de Justiça, que atendeu a pedido do Ministério Público e da Defensoria Pública.

    Após a decisão da Justiça, Doria negou que tivesse a intenção de fazer internações em massa na cracolândia.

    Haddad disse ainda que a gestão tucana não reconhece que o trabalho tem que ser elemento da cura, dimensão da terapia na cracolândia. O petista defendeu as frentes de trabalho, instituídas na sua gestão pelo programa "De Braços Abertos".

    "O trabalho por definição já é terapêutico. Quando a pessoa acorda e não tem para onde ir é muito difícil, diferente de quando você acorda e sabe que tem um horário a cumprir."

    Embora tenha anunciado o fim do Braços Abertos, a gestão tucana implantou outro programa visando a criação de postos de trabalho para moradores de rua.

    CRACOLÂNDIA

    A nova cracolândia do centro de São Paulo foi palco de uma confusão na tarde desta quarta (14), com dispersão de usuários no entorno da praça Princesa Isabel. Quatro agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e usuários de drogas ficaram feridos.

    A confusão começou durante uma ação de limpeza. Desde domingo (11), GCMs e varredores da prefeitura abrem espaço entre os usuários para a faxina ao menos duas vezes por dia. Viciados dizem que houve retirada de pertences pessoais e agressão a quem estava deitado.

    Houve reação, com alguns atirando pedras nos agentes. Um agente da guarda foi atingido com uma pedra na cabeça e fraturou o crânio.

    A rotina de limpeza da praça faz parte de uma estratégia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e da gestão João Doria (PSDB) de impedir a montagem de barracos para reduzir a estrutura do tráfico. As tendas, agora proibidas, são usadas como esconderijo para a compra e venda de drogas.

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