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    Participantes da Parada LGBT protestam contra governo Temer

    MARIANA ZYLBERKAN
    DE SÃO PAULO

    18/06/2017 12h40 - Atualizado às 20h35

    O público da 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo aproveitou o dia para protestar contra o governo Temer na avenida Paulista. No início da tarde deste domingo (18), participantes ofereciam panfletos com os dizeres "LGBT sem Temer", que foram bastante disputados.

    "Parada não é só zoeira. Vamos protestar contra o governo Temer que está acabando com o nosso país", disse uma adolescente de 14 anos.

    A vendedora Lais da Silva Rinaldi, 30, participa pela primeira vez da parada e também se posicionou contra o presidente Michel Temer. "Vou gritar muito 'Fora, Temer'".

    Mariana Zylberkan/Folhapress
    Público protesta contra o governo Temer durante Parada LGBT de São Paulo

    A organização da 21º Parada do Orgulho LGBT diz esperar atrair 3 milhões de pessoas neste domingo na avenida Paulista. No ano passado, quando organizadores fizeram a mesma previsão, a Polícia Militar estimou um público de 190 mil pessoas no horário de pico.

    Ao menos 16 carros de som vão cruzar a avenida em direção à rua da Consolação. Entre as atrações mais esperadas estão as cantoras Daniela Mercury e Anitta.

    Com a ausência do prefeito João Doria (PSDB) no que seria sua primeira participação no evento, o vice Bruno Covas representou a prefeitura. Doria deixou a cidade no feriado para comemorar o aniversário de 15 anos da filha em Porto Rico.

    Perguntado sobre a ausência do prefeito, Covas disse que Doria precisou viajar porque já havia assumido compromisso com a filha antes de ocupar o cargo.

    Para Nelson Matias, um dos organizadores da Parada, a ausência do prefeito João Doria não causou constrangimento. "Ele explicou que a filha faz 15 anos e foi compreendido por nós. Não é todo dia que a filha faz 15 anos."

    Segundo Covas, a administração investiu R$ 1,5 milhão na parada. "Há duas grandes razões para isso. A primeira é mostrar que São Paulo respeita a diversidade e também que a cidade está creditada para receber um evento como esse", disse. "É uma alternativa para gerar emprego e renda para a nossa população."

    Pela primeira vez, foi organizada uma ala de deficientes físicos na frente do carro de som oficial da parada, o primeiro a desfilar. Segundo a organização, a iniciativa foi para permitir a participação de pessoas com mobilidade reduzida em um espaço separado da multidão. "Sempre quis vir, mas tinha receio por causa da muvuca", diz o cadeirante Leônidas Marques de Almeida, 52.

    Também pela primeira vez na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o casal de uruguaios Ruben Lopes, 55, e Mario Bonilha, 59, preparou especialmente uma camiseta com a fotos dos dois em formato de coração em homenagem aos 25 anos de casados. "Viemos celebrar a família", disse Lopes.⁠⁠⁠⁠

    Mariana Zylberkan/Folhapress
    O casal de uruguaios Ruben Lopes, 55, e Mario Bonilha, 59, veio pela primeira vez à Parada LGBT

    RELIGIÃO

    Protestos contra a interferência religiosa no Estado laico também deverão dividir espaço com as cores do arco-íris na avenida Paulista neste domingo.

    Segundo movimentos ligados ao público LGBT, a influência de doutrinas religiosas na política tem atravancado discussões como a criminalização da homofobia, a apresentação de discussões sobre identidade sexual nas escolas e mais avanços sociais, como acesso dos LGBTs ao trabalho.

    O Brasil ocupa o primeiro lugar em homicídios de LGBTs nas Américas, com 340 mortes por motivação homofóbica no ano passado, de acordo com relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais. Grupos brasileiros estimam que 144 desses homicídios sejam de travestis e transexuais.

    Um levantamento feito pelo site Congresso em Foco em 2016 indicava que 197 parlamentares se enquadravam na bancada evangélica no Legislativo federal brasileiro na ocasião, enquanto 23 compunham a bancada dos direitos humanos, onde estão os principais defensores da população LGBT.

    Durante o cortejo deste domingo, ativistas, políticos e personalidades deverão fazer discursos cobrando avanço de direitos, proteção e acesso à diversidade de gênero.

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