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    Rio de Janeiro

    Polícia faz megaoperação e prende 62 PMs suspeitos de apoiar o tráfico no RJ

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    29/06/2017 07h43 - Atualizado às 16h43

    Rafael Andrade/Folhapress
    Sede do 7º Batalhão da PM, no Rio, onde trabalham os policiais militares suspeitos de corrupção
    Sede do 7º Batalhão da PM, no Rio, onde trabalham os policiais militares suspeitos de corrupção

    Pelo menos 62 policiais militares foram presos nesta quinta (29) numa operação para desarticular um esquema de corrupção em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Outros 22 traficantes e dois "recolhedores de propinas" também já foram presos.

    Desde o início da manhã, policiais civis tentam cumprir 184 mandados de prisão preventiva. No total, 96 policiais militares foram indiciados. A maioria são sargentos e cabos. Dos presos, um sub tenente tem a patente mais alta.

    O 7º Batalhão da PM, único do município, é o principal alvo da investigação. De acordo com os investigadores, o esquema de propina paga por traficantes de 50 comunidades da cidade rendia cerca de R$ 1 milhão por mês aos militares.

    São Gonçalo é uma das cidades mais violentas do Estado do Rio. "É um dia triste, mas necessário. Não vamos esmorecer e continuaremos lutando", disse o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá.

    Reprodução/TV Globo
    Carro da Polícia Civil faz buscas na manhã desta quinta-feira (29) para prender suspeitos no Rio
    Carro da Polícia Civil faz buscas na manhã desta quinta-feira (29) para prender suspeitos no Rio

    "No momento que o país enfrenta uma crise ética e moral, desconheço instituições que cortem na carne como as polícias. A corrupção é um grande problema [na polícia], mas não o maior", acrescentou o secretário.

    Os policiais presos vão responder por organização criminosa e corrupção passiva. Já os supostos traficantes serão indiciados por tráfico, organização criminosa e corrupção ativa.

    Segundo a investigação, os militares ofereciam uma série de "serviços aos traficantes", que incluía aluguel de fuzis até a escolta dos criminosos nos deslocamento de uma comunidade para a outra da cidade.

    A operação batizada de Calabar é uma das maiores da história relativa a casos de corrupção envolvendo PMs e traficantes. No Estado do Rio, é a maior.

    A investigação teve início no ano passado teve início no ano passado na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo e contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

    Na acusação, a Polícia Civil relata que os PMs do 7º Batalhão também sequestravam traficantes. Nas escutas anexadas na investigação, os militares cobravam R$ 10 mil pelo resgate.

    Na Comunidade Salgueiro, a cidade conta com um dos maiores depósitos de drogas e armas do Comando Vermelho.

    Os investigadores revelaram que o esquema de recolher a propina nas bocas de fumo das favelas da cidade usava carros oficiais da PM e funcionava de quinta até domingo.

    Os presos cobravam até R$ 2,5 mil para cada equipe de policiais que estavam em plantão.

    Agentes envolvidos na operação afirmam que havia pagamento de propina do tráfico até dentro do batalhão.

    O inquérito conta com escutas de dois mil diálogos entre PMs e traficantes.

    COMANDANTE CONDENADO

    O Batalhão de São Gonçalo já teve um comandante condenado pela morte de uma juíza.

    Em 2014, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva Oliveira, ex-comandante do batalhão, foi condenado a 36 anos de prisão em regime fechado pela morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011.

    A juíza atuava contra grupos de extermínio formados por policias militares do batalhão comandado por Oliveira, que era acusado de ser o mentor de seu assassinato. Ele foi considerado culpado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e com o objetivo de assegurar a impunidade) e por formação de quadrilha armada.

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