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    Site de alunos da USP transforma crianças em tratamento em heróis

    FERNANDA TESTA
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SÃO CARLOS

    05/07/2017 02h00

    "Quem nunca quis ser herói na vida de alguém"? Essa foi uma das perguntas que motivaram Igor Marinelli, 19, estudante, a desenvolver um projeto de ação social na web.

    Graduando em engenharia de computação pela USP de São Carlos, no interior de SP, é um dos responsáveis pela fundação da plataforma Somos Todos Heróis, site de financiamento coletivo que arrecada doações para crianças em tratamento médico.

    Pierre Duarte - 7.jun.2017/Folhapress
    SAO CARLOS, SP, 07.06.2017 - DIAS MELHORES - ESTUDANTES DA USP EM SAO CARLOS CRIAM SITE PARA ARRECADAR DOACAO A CRIANCAS EM TRATAMENTO - Os estudantes Marco Adriano Tette Schaefer (esq), Igor Marinelli e Fuad Chain Schiavon (dir), em sala de aula da USP em São Carlos. Os estudantes criaram o site "Somos Todos Heróis" para arrecadar recursos para o tratamento de saúde de crianças da região. Para atrair doadores, usam a ideia de 'equipar' super heróis: cada criança que precisa de doação tem uma pagina, com a meta a ser arrecadada e os valores já doados. Para evitar fraudes, eles visitam as famílias das crianças. (Foto: Pierre Duarte/Folhapress) **EXCLUSIVO/FSP**ESPECIAL**
    Estudantes da USP criaram site para doações para o tratamento de saúde de crianças no interior de SP

    A plataforma, lançada há quase um ano, utiliza super-heróis para atrair o público. O usuário colabora ao escolher uma "missão", representada pela criança que precisa de ajuda. As doações, dependendo do valor, correspondem a itens que o usuário compra para "equipar" a criança e "transformá-la" em heroína.

    "Em vez de doar R$ 5, R$ 10, você doa um escudo, uma capa, um superpoder. Tornamos o processo de doação algo divertido. Promovemos ações na plataforma para que a pessoa, de fato, sinta que o valor doado faz diferença na vida da criança. É esse o sentimento de ser herói na vida de alguém", disse.

    Marinelli conta que a ideia do projeto nasceu com a ajuda do amigo de infância Matheus Marchiori, também estudante da USP. "Mesmo em campi diferentes, começamos a atuar em projetos sociais na universidade, mas percebemos que faltavam ações para crianças. Também notamos que muitas mães criavam páginas para os filhos nas redes sociais, mas nem sempre as ações chegavam ao resultado esperado. Foi aí que pensamos na plataforma."

    A faculdade voltada para a área de tecnologia foi um incentivo a mais para a criação do site. Colegas de Marinelli, os estudantes Fuad Chaim Schiavon, 24, e Marco Adriano Schaefer, 20, juntaram-se à equipe e ajudaram a desenvolver a programação e o design da plataforma.

    Além do site, eles mantêm uma página no Facebook onde divulgam as "missões" e prestam conta das doações. Até agora, foram sete ações concluídas e outras quatro em andamento, com um total arrecadado de R$ 17,2 mil.

    A escolha das crianças é feita por meio de contato pelo site –pais e familiares enviam informações como histórico de saúde e o que a criança precisa. "Fazemos uma triagem e criamos até lista de espera, porque ainda não temos suporte para ajudar todos ao mesmo tempo. Assim, elencamos as missões de acordo com a urgência", disse Schaefer, responsável pela programação do site.

    A metáfora do herói, segundo Marinelli, também foi uma tentativa de aproximar vários públicos ao projeto. "O herói mexe com a imaginação das crianças e com as memórias dos adultos. Pensamos em criar um ambiente que tivesse uma linguagem universal."

    O objetivo, de acordo com a equipe, é fazer da plataforma um ambiente que mescle diversão e solidariedade.

    "Além do perfil de herói que o usuário já pode criar no site, acrescentamos conquistas a partir das doações que cada um faz e estabelecemos um ranking. Pretendemos 'gamificar' a plataforma, de modo que os itens que usuário doa para uma criança sirvam para equipar o herói criado", disse Schiavon, que cuida do design da plataforma.

    Sem fins lucrativos ou ajuda de custo com o projeto –apenas uma empresa mantém a hospedagem do site–, o grupo busca agora parcerias. Por enquanto, a plataforma está disponível nas versões desktop e mobile.

    TRANSFORMAÇÃO

    A ajuda faz diferença na vida de pequenos guerreiros como Enrique Alves, 5. O dinheiro arrecadado na plataforma foi imprescindível para dar continuidade ao tratamento com neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

    Diagnosticado com paralisia cerebral, o menino teve o desenvolvimento neuromuscular comprometido e faz uso diário de anticonvulsivantes. "Buscamos todas as formas de dar uma vida melhor ao Enrique. Muitos medicamentos não são bancados pelo sistema público e a ajuda do site foi muito importante", disse Rosaldo Alves, pai do menino.

    E não são só as crianças as beneficiadas. Para os membros do projeto, ajudar o próximo é mais que satisfatório. "É transformador. É gratificante saber que a ajuda, às vezes ínfima para nós, pode dar outras oportunidades para essas crianças", diz Schiavon.

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