Se alguém queria ver Waldo Soares de Moura feliz, era só colocá-lo num carro e tirá-lo de casa. "Tinha rodinhas nos pés", define Marcia, sua filha. "Não parava num lugar só."

Nascido em Jaú (SP), Waldo conheceu cedo a vida itinerante: seu pai era chefe de estação ferroviária, e a família se mudava com frequência de cidade.

Seu primeiro emprego foi como representante comercial, e aí foram mais alguns anos a viver entre cidades do interior paulista. Só parou quieto quando, na capital, conheceu a mulher, Zenaide, com quem passou 63 anos junto e teve cinco filhas.

Metido a inventor, diz Marcia, construía ele mesmo carretas para acoplar nos carros e abrigar as filhas em acampamentos e viagens à praia.

O primeiro trailer comprou em Nova Hamburgo (RS) –levou a família toda sem dizer o motivo da viagem– e não parou mais: teve outros veículos (o maior, um Turiscar Diamante), até construir também seu próprio motorhome.

Na oficina que tinha em seu sítio em Ibiúna (SP), onde viveu as últimas três décadas, era um "professor pardal", diz a filha. Nas brincadeiras de engenheiro, contudo, perdeu a ponta de um dedo e quase teve seu braço decepado.

Adorava preparar surpresas e evitava dizer o destino das viagens aonde levava a família. Certa vez, conta Marcia, Zenaide, crente que desembarcaria em Buenos Aires numa viagem do casal, se espantou ao ouvir a aeromoça dar boas vindas a Miami.

Waldo morreu no último dia 3, aos 91, por problemas decorrentes de uma doença no pulmão. Deixa uma irmã, cinco filhas, netos e bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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