Foi nas ruas e vielas da Vila Planalto, bairro operário de Brasília entre a Esplanada dos Ministérios e o Palácio da Alvorada, que João Roberto Costa Jr. se encontrou -tanto que passou a ser chamado de Joãozinho da Vila.

E para lá direcionou sua experiência de décadas como agitador cultural: fez filme sobre os primeiros moradores, organizou festivais e viradas culturais e até criou um bloco de Carnaval, o Vilões da Vila.

Mas antes de chegar lá, no começo dos anos 2000, já tinha feito muito por Brasília.

Caçula de 11 irmãos e nascido em Alfenas (MG), mudou-se com a família aos oito para a capital federal e acompanhou de perto a efervescência de cultura das primeiras décadas da cidade nova. "Ele estava em todas. Fez teatro, produzia shows, era amigo das bandas e dos poetas dos anos 1970 e 1980, como o Renato Russo", conta a irmã Cristina.

Em "O Último Rango", espetáculo tropicalista de Jota Pingo, Joãozinho protagonizou um dos episódios mais memoráveis. Disparou, do palco, um extintor, atingindo a todos. "Era uma festa. Ensaiava uma coisa e apresentava outra", diz a irmã.

Apaixonado por Carnaval, desfilava no Pacotão, tradicional bloco de Brasília, e tocava cuíca na Acadêmicos da Asa Norte. Mais recentemente, se aventurava na literatura e lançou livros de poemas.

Sempre gostou de andar de moto, conta Cristina, e passou o interesse ao filho e neto. Estava sobre duas rodas no último dia 3 quando sofreu um acidente e morreu, aos 57 anos, deixando três filhos, André, Marina e Lígia, e netos.

Um cortejo foi feito na Vila Planalto em sua homenagem.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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