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    Nevasca em Bariloche bloqueia centenas de brasileiros na Argentina

    DA RFI
    DE SÃO PAULO

    18/07/2017 12h34 - Atualizado às 18h16

    Divulgação
    Estacao de esqui em Bariloche, na Argentina. Na foto, o Cerro Catedral. Cred: Divulgacao
    Cerro Catedral, estação de esqui em Bariloche, na Argentina

    Angústia e tensão, frio e fome. A esses quatro elementos, contrários à ideia de férias sonhadas, estão expostos cerca de 300 brasileiros presos tanto no aeroporto de São Carlos de Bariloche, quanto no aeroporto metropolitano de Buenos Aires.

    Além dos que não conseguem sair da estação de esqui, há um número indefinido dos que não conseguem chegar, elevando a cifra de brasileiros afetados pela onda de frio polar que afeta 70% da Argentina, mas que atinge principalmente Bariloche.

    Segundo informações do Itamaraty à RFI Brasil, cerca de 200 brasileiros - de um total de 350 turistas - estão bloqueados no aeroporto de Bariloche. A esse número, somam-se cerca de 80 pessoas que estão presas no aeroporto de Buenos Aires por terem perdido a sua conexão de volta ao Brasil. Um número indefinido de turistas brasileiros teve o voo de ida a Bariloche desviado à cidade de Neuquén, de onde tentavam completar a viagem de ônibus, porém a neve também reteve esses passageiros na estrada.

    DO PARAÍSO AO INFERNO

    Os brasileiros que viajam a São Carlos de Bariloche no inverno têm sempre um desejo: ver nevar na cidade. Desta vez, no entanto, o desejo foi atendido, mas em excesso: há 27 anos não nevava tanto e a temperatura mínima de -25,4°C, na madrugada de domingo, bateu recorde histórico na cidade, superando os 21,1°C abaixo de zero de 1963.

    A nevasca começou na sexta-feira (14) e fechou o aeroporto desde sábado (15) com 45 cm de neve acumulada. Na segunda-feira (17), o aeroporto Teniente Luis Candelaria ensaiou uma normalização até as 14h10, quando partiu o último voo antes de a neblina voltar a impedir novas decolagens.

    Devido à alta temporada com voos lotados e à capacidade limitada do aeroporto, as companhias aéreas têm pouca margem para contornar a situação com aviões extra.

    O CALVÁRIO DA ESPERA

    Há passageiros que aguardam desde sábado, completando nesta terça-feira (18) 72 horas de uma espera angustiante, com nervos à flor da pele. Quem tem condições financeiras e sorte para conseguir disponibilidade, dorme em hotel, mas a grande maioria improvisa nas cadeiras e mesas do café do saguão do aeroporto. Outros encaram, sem alternativa, o piso gelado. A falta de limpeza dos banheiros, a insuficiência de aquecimento e os preços instantaneamente inflacionados de alimentos e bebidas completam o cenário. Famílias inteiras, crianças e grávidas estão bloqueadas.

    Os turistas brasileiros reclamam da escassez de alimentação e de hotel para a espera, mas as companhias alegam que fenômenos climáticos não estão contemplados dentro das suas obrigações. Apenas oferecem devolver o dinheiro ou reprogramar o voo para a semana que vem. Há ainda a opção de enfrentar dois dias de ônibus rumo a Buenos Aires, de onde partem os voos ao Brasil.

    "Ao longo do final de semana, as autoridades consulares brasileiras mantiveram contatos com o cônsul honorário em Bariloche a quem solicitaram que fosse efetuada uma coordenação com o Corpo de Bombeiros e com a polícia local. Foi contatada também a Defesa Civil de Bariloche, que indicou ser preferível que os nacionais permanecessem no aeroporto, em vista da situação das estradas da região, tomadas por neve", explica o Itamaraty.

    De acordo com o ministério, o embaixador brasileiro no país vizinho contatou a ministra do interior da Argentina para pedir apoio ao grupo de cidadãos brasileiro ilhados. Está sendo examinada a instalação de um núcleo de apoio do Consulado Honorário no aeroporto de Bariloche.

    O plantão do consulado em Buenos Aires atende pelo número +54 (911) 4199-9668 -para casos de emergência. Alternativamente, o Itamaraty, em Brasília, disponibiliza o e-mail dac@itamaraty.gov.br e os telefones (61) 2030-8803/8804 (das 8h às 20h) e (61) 98197-2284 (das 20h às 8h) para o auxílio a brasileiros.

    A onda de frio polar que atinge a Argentina deixou quatro mortos nesta segunda-feira, nas cidades de Mar Del Plata e Bariloche. Duas vítimas eram sem-teto.

    VOO EXTRA

    Em nota, a LATAM afirmou estar fazendo o possível para "reacomodar os passageiros afetados por cancelamentos e reprogramações."

    Para tanto, a companhia, informou que um voo extra saiu nesta terça (18) de manhã do aeroporto de Guarulhos, às 9h, para atender os brasileiros ilhados no aeroporto de Bariloche. No entanto, devido à persistência do mau tempo, o avião teve que posar em Neuquen, a 440 km da cidade.

    Segundo informações fornecidas pela empresa, o funcionamento do aeroporto continua intermitente. No momento em que a Folha entrou em contato, às 18h, o local estava fechado.

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