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    Procuradoria desiste de recurso para punir réus por acidente da TAM

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    19/07/2017 14h29

    Giovanni Bello/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 10-07-2017: Dez anos do acidente do voo da TAM em Congonhas. Na foto, a praça Memorial 17 de Julho, local do acidente próximo a cabeceira da pista de Congonhas. (Foto: Giovanni Bello/Folhapress, COTIDIANO) ***EXCLUSIVO FOLHA**** ORG XMIT: 30894
    Memorial 17 de Julho, criado no local do acidente, próximo à cabeceira da pista de Congonhas

    O Ministério Público Federal anunciou nesta quarta-feira (19) que não irá recorrer da decisão que absolveu nas duas primeiras instâncias três executivos que eram acusados pelo envolvimento com o acidente da TAM. O processo ainda poderia ser julgado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    Os três réus respondiam por atentado contra a segurança do transporte aéreo, de maneira culposa (sem intenção).

    Na noite de 17 de julho de 2007, um Airbus 320 da TAM não conseguiu parar ao tentar pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, atravessou a pista e colidiu com um prédio da própria companhia aérea. No acidente, 199 pessoas morreram.

    A decisão do Ministério público ocorre dois dias após o aniversário de dez anos da tragédia. Segundo análise da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR3), "não se vislumbra possibilidade" de recurso.

    Ainda de acordo com o Ministério Público, uma súmula do STJ impediria a nova discussão do conjunto de provas contidas na denúncia.

    Cronologia

    Ninguém foi responsabilizado até hoje

    17.jul.07
    Acidente com o voo JJ 3054 da TAM no aeroporto de Congonhas mata 199 pessoas

    Out.09
    PF e Cenipa (órgão que investiga acidentes aeronáuticos) terminam suas investigações paralelas

    Jul.11
    Ministério Público apresenta denúncia contra três executivos, dois da TAM e uma da Anac

    Ago.13
    Começam os depoimentos dos três acusados

    Mai.15
    Justiça nega acusação em primeira instância

    Jun.17
    Justiça nega recurso da acusação em segunda instância

    -

    Os acusados

    TAM
    Alberto Fajerman, ex-vice-presidente, e Marco Aurélio Miranda, ex-diretor de segurança
    Acusação: não fiscalizar devidamente a tripulação e não ter redirecionado o avião para outro aeroporto, sabendo que no dia anterior houve um incidente na mesma pista com outro avião

    ANAC
    Denise Abreu, ex-diretora da agência de aviação civil
    Acusação: ter induzido equivocadamente a Justiça a liberar a pista de Congonhas para aeronaves com reversor quebrado, caso do avião da TAM

    -

    Como foi o acidente

    Google maps/Editoria de Arte/Folhapress

    1. 17h16
    Airbus- A320 da TAM parte de Porto Alegre com 187 pessoas a bordo

    2. 18h40
    Torre de controle diz ao piloto que a pista está molhada e que é preciso pousar com cautela (chovia naquela hora). Às 18h44 pouso é autorizado e, às 18h50, é iniciado

    3. Airbus toca a pista
    A aeronave toca o solo da pista de Congonhas. O ideal é que esse procedimento ocorra a 300 m do início da via (que tem 1.940 m)

    4. 'Vira, vira, vira agora'
    Vozes de dentro da cabine da tripulação do avião dizendo 'vira, vira, vira agora' são escutadas por controladores da torre de controle

    5. Colisão com prédio
    Sem conseguir desacelerar, avião faz uma curva à esquerda. Depois, atravessa a avenida e bate em um prédio da TAM

    MORTOS -

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    Câmera do aeroporto

    Divulgação/Editoria de Arte/Folhapress

    Em alta velocidade, avião atravessa em três segundos um trecho que outros levavam 11 segundos

    Divulgação/Editoria de Arte/Folhapress

    No canto esquerdo da imagem, aparece um clarão junto à aeronave, ainda na pista

    Divulgação/Editoria de Arte/Folhapress

    Após a colisão com o prédio da empresa, é possível notar a luminosidade da explosão

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    Explicações

    Condições
    O avião da TAM estava com uma das duas turbinas sem reversor, sistema que ajuda a frear –o que não o impedia de voar

    Manetes
    As turbinas são controladas por duas manetes, que podem ser colocadas pelo piloto em três posições

    Editoria de Arte/Folhapress

    -

    Hipóteses

    1. Falha no avião
    Uma falha no sistema de potência das turbinas teria deixado uma delas em aceleração, enquanto a outra tentava parar o avião (independentemente de como o piloto posicionou as manetes)

    2. Falha humana
    Sob pressão de pousar com chuva e sem reversor, o piloto teria feito um procedimento diferente do usual, não se atentando ao fato de ter deixado uma das manetes em modo aceleração

    MOVIMENTO EM CONGONHAS - Passageiros que embarcaram e desembarcaram no aeroporto desde o ano do acidente, em milhões

    Fontes: Anac, Justiça Federal, Aeronáutica e Infraero

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