Foi na roça que Maria Cândida cresceu, viveu e envelheceu. Ao todo, a mineira passou mais da metade dos seus incríveis 114 anos plantando milho, feijão ou capinando.

A filha Altina conta que ela começou quando ainda tinha sete anos, acompanhando os pais, e parou só quando rumou para São Paulo, aos 63.

Nascida e criada na cidade de Viçosa, Maria Cândida não frequentou a escola, casou cedo e teve 12 filhos –com a morte da mãe, que foi parteira dos 11 primeiros, recusou ajuda no último e dizia ter sido parteira dela mesma.

Sua casa não tinha banheiro, geladeira ou fogão a gás, mas nenhuma das dificuldades tiravam o sorriso de seu rosto ou o ritmo de seus pés. Maria Cândida adorava festas e bailes e sempre arriscava nos passos de forró.

Deixou Viçosa apenas nos anos 1960, depois de uma das filhas tentar a sorte na capital paulista. Já separada do marido, ela pegou os dois filhos ainda solteiros e seguiu viagem. Só voltou para visitas.

Em São Paulo, trabalhou como doméstica por um tempo, mas se dedicou mesmo aos netos, bisnetos e depois aos trinetos, sendo chamada de dindinha por eles.

Seja em São Miguel Paulista ou em Cangaíba –os dois bairros paulistanos em que morou–, gostava de receber os vizinhos, prosear na porta de casa. Até pessoas para cantar ela recebia. As saídas para o forró também continuaram.

A última festa foi no dia 7 de junho, quando Maria Cândida completou 114 anos.

Com uma saúde impecável, ela morreu enquanto dormia, na última sexta (14). Deixa filhos, netos, bisnetos, trinetos e muitos amigos.

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