Era começo da década de 1960, e José Aparecido Serralha começava um novo empreendimento: a venda de botijões de gás. O negócio, porém, era tão inovador que a maior parte das casas da pequena Monte Alto, no interior paulista, usava fogão à lenha.

Diante do impasse, decidiu ele mesmo popularizar os fogões a gás. Começou a comprá-los em cidades vizinhas e vendê-los, em até dez parcelas, aos seus conterrâneos. Foi assim que criou clientela e manteve o negócio –agora sob os cuidados dos filhos.

"Era o revendedor Ultragás mais antigo do país; foram 57 anos", afirma a filha Cleide.

Serralha ajudou desde cedo na criação dos quatro irmãos mais novos. Primeiro por conta da morte da mãe, aos 12 anos. Depois, já com 20 e poucos, deixou a capital paulista e o emprego na Mesbla por conta da morte do pai. Voltou para Monte Alto com a mulher e dois filhos para cuidar de um irmão adolescente e outro com deficiência.

Foi nessa volta que descobriu a veia empreendedora. Antes dos botijões já tinha iniciado um negócio de materiais para construção. Começou devagar, com uma loja pequena, sem funcionários, mas o negócio também vingou.

Fora do trabalho, era reservado, tranquilo. Gostava de ler e de frequentar as atividades da igreja, fazia questão até de coordenar as quermesses. Também era visto de manhã caminhando pela cidade. Percorria 10 km todos os dias, começando às 5h.

Parou só no último dia 17, quando morreu, aos 85, em decorrência de problemas cardíacos. Deixa a mulher, Maria, quatro filhos, dez netos, seis bisnetos.

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