Era só o sol se pôr para Ivan Soares da Silva colocar sua cadeirinha na frente de casa. Gostava de ver o movimento, conversar com os vizinhos que iam passando e, aos poucos, parando. Em pouco tempo, um trazia a churrasqueira, outro buscava a cerveja –apesar de Ivan não beber– e a festa logo estava montada.

O evento na rua 13 da capital mato-grossense não era oficial, mas quase uma rotina para Ivan, sempre humorado, conversador, brincalhão.

Nascido em Cuiabá, ele era conhecido pelas festas que promovia. O Arraiá da Rua 13, por exemplo, começou pequeno, em sua casa, há cerca de dez anos. Após duas edições, já tinha invadido a rua, recebendo 300, 400 pessoas.

Também transformava os encontros da família em grandes eventos anuais. Era um para reunir seus parentes e outro para reunir os da mulher, Marilza, com quem ficou casado por quase 35 anos.

Chamando Ivan de "príncipe", ela conta que o conheceu em outra festa, na década de 1980. Diz que foi amor à primeira vista. "Toda manhã me perguntava: 'sabia que eu te amo?'", recorda.

Apesar de festeiro, a profissão oficial de Ivan era editor. Trabalhou por décadas em emissoras de TV, tendo dedicado mais tempo à Centro América, afiliada da Globo na capital de MT. Gostava tanto, que acabou levando os cunhados para o mesmo ramo.

Nas horas vagas, dividia o tempo dedicado às festas com a igreja. Participava dos grupos de oração, dos encontros de casais e das pastorais.

Parou as festas e orações no dia 16, aos 60, após um infarto fulminante. Deixa a mulher, dois filhos e duas netas.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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