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    Doria planeja corredor verde entre o parque Augusta e a praça Roosevelt

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

    27/07/2017 02h00 - Atualizado às 06h11

    O parque Augusta, na reta final para ser implantado, e a praça Roosevelt, revitalizada e incrementada com áreas verdes, conectados por um bulevar no centro de São Paulo.

    Essa é uma das contrapartidas exigidas pela gestão de João Doria (PSDB) para ceder às construtoras Setin e Cyrela uma área municipal próxima à marginal Pinheiros –cujo valor ainda está em avaliação pelo Ministério Público.

    Fernando Brizolla/Folhapress
    Sao Paulo,SP,Brasil 26.07.2017 terreno do parque Augusta Foto: Fernando Brizolla/ Folhapress ****EXCLUSIVO ESPECIAL FOLHA NAO UTILIZAR SEM AUTORIZACAO**** ORG XMIT: AGEN1707261751482621
    Terreno do futuro parque Augusta, na região central de São Paulo

    Na próxima semana, a prefeitura deve anunciar o acordo. As empreiteiras abrem mão da área no centro, em benefício do parque, e aceitam esse terreno na zona oeste.

    Afastados por cerca de 200 metros, parque e praça terão vocações específicas, disse o prefeito à Folha em Xangai, onde esteve na quarta (26) para vender seu programa de privatização e concessões a investidores locais. O Augusta será "contemplativo", e a Roosevelt, "esportiva". A conexão entre eles terá um tratamento "paisagístico" e contará com lombofaixas. Tudo, por ora, no campo das ideias: não há projeto final.

    Segundo o prefeito, esse acordo foi pré-aprovado e ganhará carimbo definitivo em reunião com a Promotoria no começo de agosto –essa "solução negociada", disse Doria, foi feita "a seis mãos", com o promotor Silvio Marques e outros dois colegas.

    O Ministério Público, que acompanha as tratativas, exige compensações para que a prefeitura troque o terreno público em Pinheiros pelo privado da Augusta. Setin e Cyrela discutiam com a administração para poder construir um milionário empreendimento imobiliário no centro paulistano –ideia recebida com protestos de entusiastas do parque Augusta.

    Não faz tanto tempo assim que a Roosevelt foi reformulada, com obras de revitalização iniciadas em 2010, na gestão Gilberto Kassab (PSD). Para Doria, o prazo de validade acabou. "Ela está muito machucada, hoje você nem consegue ir na praça porque além de tudo é insegura", diz.

    O espaço que tem em seu entorno grupos teatrais como o Parlapatões ganhará câmeras de monitoramento –parte do City Câmeras, programa de vigilância da prefeitura. Assim o tucano descreve a nova Roosevelt: "Vamos colocar mais verde, porque praticamente não tem verde lá, e instalações esportivas". Em destaque, skate, basquete e atividades à terceira idade.

    As construtoras terão que se comprometer a fazer a manutenção do parque e da praça por um período de dois anos. Após esse período, a ideia é que a administração saia das mãos municipais, segundo Doria. "Nossa intenção é que sejam adotados", afirma. Ou seja: o controle passaria a agentes privados.

    Editoria de Arte/Folhapress
    BULEVAR NO CENTRO DE SP

    'CUSTO ZERO'

    O prefeito disse que tudo será feito "a custo zero", já que, em vez de pagar os R$ 80 milhões negociados pela gestão anterior, ele fez uma permuta (a troca do terreno na Augusta pelo de Pinheiros). Mais R$ 12 milhões previstos para a implantação do parque serão bancados pelas construtoras, segundo Doria.

    Para entregar 18 mil m² de um total de 50 mil m² em Pinheiros, num CEP tido como coqueluche do mercado imobiliário, a prefeitura fez outras demandas a Setin e Cyrela –empresa em que Cláudio Carvalho de Lima, secretário especial de Investimento Social, posto recém-criado por Doria, ocupava o cargo de vice-presidente.

    Algumas das contrapartidas são cuidar da praça Victor Civita, no mesmo bairro, e construir três empreendimentos: a nova sede da Prefeitura Regional de Pinheiros, uma creche para 200 crianças na zona sul e um centro de acolhimento para moradores de rua no centro paulistano.

    A tentativa de acordo em torno do parque visa pôr fim a uma polêmica que se arrasta há quase 20 anos. A ideia inicial da Cyrela –que comprou o terreno em 2013 e cujos donos têm estreita relação com Doria– em projetos apresentados à gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), era construir duas torres no local, mas mantendo um parque aberto ao público.

    O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) havia decretado a área como de utilidade pública em 2008. De lá para cá, ativistas e moradores do entorno fizeram protestos para barrar os planos do setor imobiliário na região da Augusta.

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