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    Pavilhão com 52 boxes é demolido na feirinha da madrugada em São Paulo

    MARTHA ALVES
    DE SÃO PAULO

    28/07/2017 04h25 - Atualizado às 13h00

    Martha Alves/Folhapress
    Comerciantes invadem feirinha da madrugada após ação da Prefeitura de SP
    Comerciantes invadem feirinha da madrugada na capital paulista

    Um pavilhão com 52 boxes da feirinha da madrugada, na região do Brás, no centro de São Paulo, foi removido pelo consórcio que administra o espaço, entre a noite de quinta e madrugada desta sexta (28).

    A feirinha normalmente abre às 2h, mas comerciantes e compradores foram surpreendidos nesta madrugada por um cartaz preso ao portão informando que "excepcionalmente hoje a Feira da Madrugada abrirá às 5h devido a problemas operacionais".

    Os comerciantes esperaram até às 5h a abertura com atraso, o que não ocorreu. Revoltados, eles arrombaram o portão na rua São Caetano e foram correndo em direção aos boxes. Não houve intervenção de seguranças, guardas civis municipais ou policiais militares.

    Vários comerciantes disseram que não foram informados sobre a operação. Algumas pessoas choravam ao lado dos boxes destruídos, outros juntavam o entulho e tentavam salvar a mercadoria jogada no chão.

    Parte da mercadoria dos comerciantes foi amontoada misturada ao lado dos boxes demolidos a outra em um depósito, ao lado do posto dos bombeiros. A comerciante Natacha Conde Russo, 19, que vende roupas desde outubro do ano passado, disse chorando "fomos tratados como lixo".

    Os comerciantes falaram que não estão irregulares, têm recibos do pagamento dos aluguéis e documentação que comprova. Nicodemos Miguel Silva, dono de uma loja no local, falou que por volta das 19h os seguranças impediram a entrada dos lojistas e, quem insistiu, foi jogado na rua. "Tem lojista machucado e que saiu sangrando daqui", falou.

    Silva falou que o consórcio esperou vencer o boleto de aluguel e todos pagarem para derrubar as lojas. "O revoltante é que eles fizeram os boxes e deram o contrato de locação", disse, irritado.

    No último domingo (24), a concessionária que administra o local tentou fazer a remoção dos boxes e foi impedida pelos comerciantes. " Não deixaram retirar a mercadoria e o trator tentou passar por cima de todos nós", disse Natacha.

    ESPERA

    Os ônibus fretados com sacoleiros que chegavam durante a madrugada na feirinha foram obrigados a esperar do lado de fora ou buscar algum estacionamento nas redondezas. No local, desembarcam compradores de todo o país em buscas de mercadorias.

    Um ônibus fretado com cerca de 40 idosas ficou parado próximo a um dos portões da feirinha na rua São Caetano por aproximadamente duas horas. O motorista Marcos Roberto Santos disse que costuma trazer passageiros ao menos duas vezes ao mês ao local e esta foi a primeira vez que encontrou os portões fechados.

    Compradores em vans fretadas e táxis, além daqueles que deixaram os carros em estacionamentos no entorno da feira, também ficaram do lado de fora.

    O comerciante Samuel Castello Branco, 38, morador na zona leste de São Paulo, deixou o carro em um estacionamento e por volta das 3h ficou esperando a abertura da feirinha. Eles costuma ir ao local duas vezes por semana comprar roupas de cama, mesa e banho.

    "Ouvi dizer que lá dentro está ocorrendo averiguação de produtos", falou, se encolhendo do frio da madrugada.

    OUTRO LADO

    O Circuito de Compras São Paulo, que administra o espaço, informou por meio de nota que faz, desde o último domingo (23), uma operação na Feira da Madrugada para retirar um conjunto de boxes numa área denominada de Parede Branca. O local servirá como rota de fuga e, portanto, foi "necessária a desobstrução da área", segundo a administração.

    Ainda de acordo com o comunicado, os comerciantes que atuavam nesse local estavam ilegais. O circuito disse que a desmontagem dos 52 boxes entre a noite desta quinta e a madrugada de sexta fez parte da segunda etapa da operação.

    A nota ressaltou ainda que "os comerciantes foram avisados entre os dias 17 e 21 deste mês, verbalmente e por comunicado, de que a área precisaria ser desocupada e as mercadorias dos boxes serem retiradas."

    Os comerciantes em situação legal, afirma a nota, serão realocados para uma nova área.

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