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    Rio tem segundo dia de tropas federais nas ruas

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    29/07/2017 13h34

    Mauro Pimentel/AFP
    Após decreto, Forças Armadas começam a atuar no Rio de Janeiro em meio à crise na segurança pública
    Após decreto, Forças Armadas começam a atuar no Rio em meio à crise na segurança pública

    O Rio entrou neste sábado (29) no segundo dia de atuação das forças federais de segurança no patrulhamento do Estado, que vive a disparada dos indicadores de violência.

    Dez mil homens das Forças Armadas, Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal participarão da operação que funcionará até dezembro deste ano, com possibilidade de prorrogação até o final de 2018.

    Do total de homens, 8.500 são do Exército, Marinha e Aeronáutica. Os demais são da PRF (380 homens enviados e mais 740 que já atuam no Estado) e Força Nacional, unidade formada por PMs de todos os Estados do País, que enviou 640 agentes.

    O efetivo atual da PM do Rio é de 46.135 militares.

    O objetivo é patrulhar a capital, as principais vias expressas e rodovias que dão acesso à cidade e também aos municípios da Baixada Fluminense, que sofrem com o êxodo de traficantes que migraram de áreas de UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), programa criado em 2008.

    As tropas federais chegaram ao Rio na tarde de sexta-feira e se posicionaram em pontos estratégicos. Blindados foram utilizados, por exemplo, na Linha Vermelha, via que faz a ligação da zona sul com a zona norte, ladeada por favelas que vivem uma rotina violenta, como o Complexo da Maré.

    Blindados foram posicionados nas saídas do aeroporto internacional do Galeão e também no Santos Dumont, no centro. Tropas fazem também o patrulhamento da orla da zona sul, movimentadas na manhã deste sábado (29) em razão do dia de céu limpo. Agentes fardados circularam pelas praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, locais turísticos que também sofrem com o aumento da violência e o roubo a pedestres.

    No primeiro momento, as tropas federais farão blitze nas principais vias da cidade, como Linha Vermelha, Linha Amarela, avenida Brasil e avenida Washington Luis. Também atuarão nas estradas do Estado, que vivem o aumento sensível dos roubos de carga.

    Apesar do patrulhamento nas ruas, o ministro da Defesa, Raul Jungman, disse que o principal foco é o combate do tráfico de drogas, armas e roubos de carga. Não está planejada ainda a ocupação permanente de favelas, como ocorreu no Complexo da Maré em 2014. Os militares atuarão também na parte da inteligência e um centro de controle integrado funcionará 24 horas por dia.

    A despeito do aparato, as tropas federais não patrulharam o Rio durante a madrugada, segundo publicou o jornal "O Globo". Segundo as autoridades, o trabalho num primeiro momento foi de reconhecimento da área de atuação.

    A atuação das Forças Armadas na segurança pública só pode ocorrer mediante decreto presidencial, chamado Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ele só ocorre quando o governo Estadual fracassa em garantir a segurança pública. O Rio é um dos Estados que mais demanda ajuda federal no combate a segurança.

    No Carnaval deste ano, tropas federais ocuparam as ruas devido a uma onda de ataques a ônibus e o crescimento acelerado da violência. O mecanismo foi usado também durante a Copa e a Olimpíada. Decreto desse tipo também foi empregado, por exemplo, na greve da PM no Espírito Santo.

    O Rio vive o recrudescimento da violência. Os dados remontam períodos pré-instalação das UPPs. Somente neste ano 91 policiais foram mortos. A Estado convive diariamente com uma rotina de crimes.

    Em grave crise fiscal, o governo não consegue garantir recursos mínimos para combater a criminalidade. Faltam coletes, munições e até gasolina para as viaturas da PM. Na Polícia Civil há falta de materiais para as delegacias, como papel higiênico e papel para impressão de boletins de ocorrência.

    O resultado é o crescimento dos índices de criminalidade no primeiro semestre. Os homicídios dolosos atingiram 2.723 casos, alta de 10,2%.

    Latrocínios (roubo seguido de morte) cresceram 21,2%, com 138 ocorrências. Mortes por intervenção policial subiram 45,3%, com 581 casos.

    Roubos de veículos cresceram 40,2% e atingiram 27.5 mil ocorrências. Roubos de celular subiram 26% para 11.030 casos.

    A chegada do contingente da segurança não impediu, contudo, que houvesse troca de tiros na favela Santa Marta, na noite de sexta-feira (28), e que houvesse uma tentativa de assalto a loja na Tijuca, neste sábado (29).

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