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    Após propina, MT estuda plebiscito para definir futuro do VLT em Cuiabá

    PABLO RODRIGO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/08/2017 12h00

    Lucas Ninno - 14.abr.2017/Folhapress
    Mato e ferrugem tomam conta dos trilhos da estação Aeroporto do VLT de Cuiabá
    Mato e ferrugem tomam conta dos trilhos da estação Aeroporto do VLT de Cuiabá

    Previsto para estrear na Copa de 2014 e inacabado até hoje, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá pode ter seu destino definido pela vontade da população mato-grossense. O governo de Mato Grosso estuda a realização de uma consulta popular para definir se continua a obra, que já custou R$ 1,066 bilhão, ou se abandona o modal e adere ao Bus Rapid Transport, o BRT.

    A decisão é resultado da Operação Descarrilho, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) admitiu que seu grupo político fez acordo para receber R$ 18 milhões em propina das empresas que tocariam a obra.

    Diante da revelação, o governo de Pedro Taques (PSDB) decidiu interromper a negociação para retomada das obras, que consumiriam quase R$ 1 bilhão a mais.

    "Nós não podemos tomar uma decisão isolada em um projeto em que já foi gasto R$ 1 bilhão. Essa decisão deve ser compartilhada com a população, em uma consulta popular", disse o chefe da Casa Civil José Adolpho.

    Com o plebiscito, caberia à população decidir se o governo finaliza o VLT ou se vende os 40 vagões do modal e implementa o BRT, alternativa que custaria em média R$ 600 milhões.

    O curioso é que, quando Cuiabá foi escolhida cidade-sede da Copa de 2014, a principal obra de mobilidade urbana prevista era o BRT, inicialmente orçado em R$ 423 milhões, com recursos federais.

    A partir de 2011, sob pressão de deputados estaduais, o governo passou a considerar o VLT e concretizou a troca em 2012, com o valor inicial de R$ 1,2 bilhão, mais de R$ 700 milhões a mais.

    Além do plebiscito, as alternativas analisadas incluem romper o contrato com o consórcio atual e convocar a segunda ou terceira colocada no processo licitatório de 2012 para a conclusão das obras, que estão paralisadas desde o final de 2014.

    Em último caso, o Estado poderia firmar um acordo de leniência com o próprio Consórcio VLT, mas existe uma resistência da própria base aliada e de membros do próprio Executivo, já que o consórcio pagou propina ao ex-governador.

    Composto por duas linhas (Aeroporto-CPA e Coxipó-Porto), com total de 22 km, o VLT prevê 33 estações de embarque e desembarque e três terminais de integração, localizados nas extremidades do trecho, além de uma estação para integração com ônibus. O modal teria 40 composições, com 280 vagões, cada um com capacidade para até 400 passageiros.

    OPERAÇÃO DESCARRILHO

    Deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (9), a Operação Descarrilho apura fraudes no processo de escolha do modal de transporte. Agentes federais cumpriram 18 mandados, sendo 17 de busca e apreensão e uma condução coercitiva do ex-secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães.

    A operação foi realizada com base no termo de delação premiada do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf e, principalmente, no depoimento do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

    Silval revelou que o objetivo da propina seria garantir o retorno de até R$ 27 milhões para pagar dívidas de campanha eleitoral de 2010.

    OUTRO LADO

    Por meio de nota, o Consórcio VLT disse que está analisando às denúncias e que "tem total interesse na elucidação de denúncias que envolvam executivos, colaboradores e atividades das empresas consorciadas, mantendo-se, para tal, à disposição da Justiça e autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos."

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