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    Adesão de SP a ação social de Temer tem gritaria, escolta e até garrafada

    MARIANA ZYLBERKAN
    JOELMIR TAVARES
    DE SÃO PAULO

    15/08/2017 02h00

    Zanone Fraissat/Folhapress
    SAO PAULO/SP BRASIL. 14/08/2017 - Funcionarios e usuarios do servico social, fazem ato em frente ao predio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social na R. Libero Badaro, contra a implantacao do projeto Crianca Feliz, da Marcela Temer.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
    Funcionários e usuários do serviço social protestam contra adesão a programa federal no centro de SP

    Um programa federal aparentemente inocente e com um nome singelo, Criança Feliz, destinado a oferecer acompanhamento médico, pedagógico e psicológico a crianças pobres, ganhou o carimbo de "projeto da primeira-dama Marcela Temer e se tornou o estopim de uma disputa política entre a gestão de João Doria (PSDB) e entidades de assistência social.

    O embate teve direito a reuniões com garrafadas e até gente sendo escoltada por agentes da Guarda Civil Metropolitana. Tudo isso para discutir se o programa federal seria ou não adotado na cidade de São Paulo. O projeto Criança Feliz prevê o repasse mensal de R$ 400 mil para o atendimento de 5.400 crianças de até três anos.

    A adesão ou não ao projeto caberia ao Comas (Conselho Municipal de Assistência Social), que tem a função de estabelecer normas e fiscalizar o serviço de assistência social –terceirizado em sua maior parte em São Paulo.

    No final de fevereiro, o órgão se posicionou contra a implantação do Criança Feliz em São Paulo, o que mobilizou Doria. A oposição de seus integrantes foi até esperada pela administração, já que, tradicionalmente, a militância da assistência social é conhecida por ser alinhada ao PT e a movimentos de esquerda.

    Composto meio a meio por membros da prefeitura e representantes de entidades, na data do primeiro embate o conselho ainda tinha integrantes indicados pela gestão de Fernando Haddad (PT).

    Diante disso, Doria resolveu renomear os representantes do Executivo. A manobra surtiu efeito nesta segunda-feira (14), quando nove integrantes votaram a favor da entrada do projeto na cidade. O placar final foi de 9 a 6 pela adesão.

    Apitaços, vaias e aplausos se revezavam na plateia que acompanhou a votação do programa federal, que pretende recrutar assistentes sociais para ir até as famílias carentes e orientar as mulheres sobre cuidados de filhos com até três anos de idade.

    BATE-BOCA

    Antes da votação, nas rodadas de argumentação, os presentes se referiram ao secretário municipal Filipe Sabará (Assistência Social) como "filhinho de papai". Um deles disse que "assistência social não é brinquedinho de playboy e de primeira-dama."

    "Um conselho municipal aparelhado ideologicamente tentou barrar um projeto que vai beneficiar as famílias mais pobres. A ideologia ultrapassou os limites humanitários", rebateu Sabará.

    A ala de servidores municipais de assistência social contrária ao Criança Feliz diz que o programa tem orçamento insuficiente e "carrega o preconceito de que famílias pobres não sabem cuidar de suas crianças", segundo texto divulgado por um coletivo de funcionários.

    Outra crítica é sobre o "retorno do primeiro-damismo", por causa da atuação de Marcela Temer, "num sinal de gigantesco retrocesso" nas políticas sociais.

    Eleito como alvo principal dos protestos, Sabará tem concentrado a oposição política dos assistentes sociais e até ganhou a hashtag #fora sabara nas redes sociais.

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