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    Abdelmassih recebe alta do Einstein e volta a cumprir prisão domiciliar

    DE SÃO PAULO

    15/08/2017 15h22

    Após uma semana internado, o ex-médico Roger Abdelmassih, 73, teve alta do Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul da capital paulista, no início da tarde desta terça-feira (15). Ele deixou o local por volta das 12h18 e retornou para seu apartamento no Jardim Paulistano (zona oeste), onde voltou a cumprir prisão domiciliar.

    Abdelmassih se internou no Einstein no dia 7 deste mês para se submeter a um tratamento contra uma superbactéria que se instalou em seu sistema urinário.

    O ex-médico foi condenado a 181 anos de prisão por estupros praticados contra 47 pacientes. Ele obteve na Justiça o direito de cumprir a pena em casa no dia 4 de julho, após recurso de sua defesa que apontava a falta de condições do Complexo Penitenciário de Tremembé em atendê-lo de forma adequada. Abdelmassih tem insuficiência cardíaca crônica.

    Antonio Carlos Fraga/ Divulgação
    Abdelmassih com tornozeleira fixada na perna esquerda no Hospital Albert Einstein, em São Paulo
    Abdelmassih com tornozeleira fixada na perna esquerda no Hospital Albert Einstein, em São Paulo

    CADEIA X CASA

    Com autorização da Justiça para ficar internado no Einstein até esta segunda (14), Abdelmassih não sabia até este final de semana se voltaria para casa ou para Tremembé assim que recebesse alta médica.

    Tudo porque na última sexta (11), uma decisão da juíza Sueli Zeraik Armani, da 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, no interior de São Paulo, determinou o fim da prisão domiciliar dele por problemas ligados ao monitoramento por tornozeleiras.

    Armani se respaldou no rompimento da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) com a empresa responsável pelo monitoramento de presos por meio de tornozeleira eletrônica. O uso do equipamento foi condição imposta pela Justiça para permitir o cumprimento da pena domiciliar. De acordo com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), a tornozeleira de Abdelmassih continua ativa.

    Em protesto, o ex-médico chegou a divulgar ainda no leito do hospital uma foto usando tornozeleira eletrônica na perna esquerda. Neste domingo (13), a defesa de Abdelmassih ingressou com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo, que foi aceito pelo desembargador Ronaldo Sérgio Moreira da Silva.

    Na liminar que recuperou a prisão domiciliar, o desembargador Ronaldo da Silva argumentou que o réu não pode ser penalizado por uma falha do Estado. Uma vez liberado de ter que voltar para a prisão, o ex-médico deverá cumprir exigências da Justiça, como não se ausentar do endereço residencial e nem sair da cidade sem autorização.

    Reprodução - 23.jun.17/TV Globo
    Abdelmassih enquanto deixava hospital em Taubaté para se mudar para apartamento de luxo em São Paulo
    Abdelmassih enquanto deixava hospital em Taubaté para se mudar para apartamento de luxo em São Paulo

    O CASO

    Abdelmassih ficou conhecido como "médico das estrelas" e chegou a ser considerado um dos principais especialistas em reprodução assistida do país, antes de ser acusado por dezenas de pacientes por abuso sexual.

    O primeiro caso foi denunciado ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do ex-médico, como foi revelado pela Folha. Depois, outras pacientes, com idades entre 30 e 40 anos, disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica.

    As mulheres afirmam que foram surpreendidas por investidas do ex-médico quando estavam sozinhas -sem o marido e sem enfermeira presente -os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação. Três dizem ter sido molestadas após sedação.

    Em 2010, o ex-médico foi condenado em primeira instância a 278 anos de prisão pela série de estupros de pacientes. A pena acabou reduzida para 181 anos em 2014 por causa da prescrição de alguns crimes.

    Abdelmassih ficou foragido por três anos antes de ser preso e chegou a liderar a lista de procurados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Ele foi localizado em agosto de 2014, em Assunção, no Paraguai, de onde foi deportado.

    O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) iniciou um processo contra o médico em 2009, logo após as denúncias, e a cassação definitiva do registro profissional saiu em maio de 2011.

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