Formação em história ele não tinha, mas curiosidade e dedicação era algo que não faltava para Ubaldo Marques Porto Filho. A cada novo projeto, lá estava ele debruçado em pesquisas, virando noites.

Nascido em Salvador, ele chegou ainda garoto ao badalado bairro Rio Vermelho, na orla da cidade. Acabou se apaixonando pelo local e nunca mais o deixou. Na verdade, fez dele um tipo de inspiração.

Primeiro foi o turismo, que Ubaldo começou a se envolver, justamente, para promover o bairro. Depois foi a história, que ele pesquisou para entender melhor o local de vida noturna intensa, que concentra bares e hotéis de luxo.

Com todo esse levantamento, o administrador de empresas decidiu escrever. Foram 27 obras publicadas, sendo 14 relacionadas ao bairro: falou do seu surgimento com Caramuru, de suas festas com Yemanjá, de sua história com a paróquia local e até das pessoas, como a dona "Dinha do Aracajé".

Segundo ele mesmo dizia, era o escritor com "maior número de obras sobre um único bairro de uma cidade brasileira". Mas outros interesses também acabaram virando livro: os Charutos, a Era Vargas, a Segunda Guerra, biografias familiares. O mais recente foi "2 de Julho, Independência da Bahia e do Brasil".

Sério, Ubaldo não gostava muito de festas, mas adorava piadas em reuniões com amigos e família. Quando não estava debruçado em seus projetos, estava acompanhando o Vitória ou caminhando pelo bairro que tanto gostava.

Morreu no dia 15, aos 72, após um infarto. Deixa a mulher, Maria José, a mãe, seis irmãos, três filhos e duas netas.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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