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    Bebê resgatado de naufrágio na Bahia morre após duas horas de reanimação

    FRANCO ADAILTON
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SALVADOR

    24/08/2017 14h59 - Atualizado às 21h42

    Xando Pereira/Ag. A Tarde/Folhapress
    Uma lancha rápida virou na manhã desta quinta-feira, 24, por volta das 6h30, próximo a Mar Grande. A embarcação, com o nome de Cavalo Marinho I, tinha saído da ilha e seguia para Salvador, fazendo a travessia comercial. Foto: Xando Pereira/ Ag A Tarde Data: 24/08/2017 *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Bebê é resgatado de naufrágio nesta quinta (24) em Salvador; ele morreu após horas de reanimação

    Um bebê resgatado do naufrágio com 124 pessoas na manhã desta quinta-feira (24) na Bahia morreu, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador. Fotografado após o resgate, ele passou por um processo de reanimação cardíaca, mas morreu após duas horas.

    Identificado como Davi Gabriel Monteiro, de 6 meses, a criança viajava com a mãe e a irmã para uma consulta ao pediatra. No momento em que a lancha virou, os três caíram na água. Mãe e filha se salvaram, mas o bebê acabou não resistindo. O corpo dele está no IML de Salvador e deve ser enterrado nesta sexta (25) no cemitério de Mar Grande, em Vera Cruz (BA).

    Até a noite desta quinta estavam confirmadas 20 mortes em decorrência do acidente, além de 91 sobreviventes encaminhados para diversas unidades de saúde e hospitais da região. As buscas serão retomadas na sexta (25).

    Socorrista do Samu, o técnico de enfermagem Jaeliton Batista foi quem carregou Davi Gabriel até a ambulância. "A criança já chegou sem os sinais vitais, passou pelo procedimento de reanimação por mais de uma hora, mas, infelizmente, não sobreviveu", disse o profissional, já no Terminal Marítimo de Salvador.

    Segundo Batista, os primeiros resgates só foram possíveis pela ajuda voluntária dos próprios moradores. "A primeira lancha a chegar no local foi de uma pessoa, que ajudou a tirar várias pessoas de dentro da água".

    Um outro bebê, identificado como Darlan Queiroz Reis Julião, de dois anos, também morreu na tragédia e foi encaminhado ao IML de Santo Antônio de Jesus. Ao todo, nove das 20 vítimas já foram identificadas. Ele viajava com a mãe, Dulciane Santos Queiroz, 37, e a avó Dulcelina Santos, e faria exames em um hospital de Salvador.

    Avó, filha e neto não resistiram e morreram afogados. Após terem sido resgatados, os corpos foram levados para o IML de Santo Antônio de Jesus, cidade a 90 km de Vera Cruz –não havia mais vagas no necrotério da cidade onde a tragédia aconteceu.

    A família morava na comunidade de Conceição, área mais pobre de Vera Cruz, numa casa ao fim de uma rua sem calçamento. Lá, o avô de Darlan e pai de Dulciane, lamentava a tragédia.

    "Perdi minha filha e o meu neto. Meu chão caiu, estamos sem reação", disse o aposentado Albeto Gomes Queiroz, 56. Vizinhos ajudavam consolar o irmão de Darlan. Encostado num muro da casa, ele chorava sem parar a perda do irmão, da mãe e da avó.

    O pai de Darlan, Danilo Queiroz, viajou para Santo Antônio de Jesus para reconhecer o corpo do filho. O corpo foi liberado na noite e será enterrado nesta sexta-feira no Cemitério Municipal de Mar Grande, em Vera Cruz.

    Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, os trabalhos de resgate e assistência contaram com 50 profissionais, 15 ambulâncias (oito foram para a ilha para transferir pacientes com quadro mais grave para a capital) e uma lancha do Samu. As buscas pelos desaparecidos foram suspensas à noite, mas serão retomadas na sexta.

    NAUFRÁGIO

    A lancha Cavalo Marinho 1 naufragou na baía de Todos-os-Santos por volta das 6h30. A embarcação tinha capacidade para transportar até 162 pessoas, segundo a Astramab (Associação de Transportadores Marítimos da Bahia), entidade que reúne donos de embarcações.

    O naufrágio ocorreu no momento em que a lancha deixava Mar Grande, no município de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador.

    No horário, o público mais comum na travessia é de trabalhadores e de estudantes que passam o dia na capital baiana. A Marinha, a Capitania dos Portos e o Corpo de Bombeiros fizeram uma operação conjunta para resgatar os sobreviventes e os corpos das vítimas.

    Após o acidente, a travessia das lanchas, que demora cerca de 40 minutos, foi suspensa.

    O presidente Michel Temer (PMDB), o governador da Bahia, Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), lamentaram a tragédia e disseram que colocaram todo o aparato governamental à disposição das vítimas.

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