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    Clélia Dente Piza (1931-2017)

    Mortes: Apresentou Lispector e Carolina de Jesus aos franceses

    ANTONIO MAMMI
    DE SÃO PAULO

    25/08/2017 00h00 - Atualizado às 18h22

    Adriano Vizoni - 13.nov.2015/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 13-11-2015, 16h20: ARTHUR PIZA. Retrato do artista Arthur Piza, feitas na exposicao do gravurista na Estacao Pinacoteca. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FSP***
    Clélia Piza (1931-2017) com o marido, Arthur Luiz Piza (1928-2017)

    Carolina de Jesus cavava o ganha-pão catando papel quando seus escritos foram divulgados pela imprensa em 1958. Viveu cerca de cinco anos no radar da opinião pública –se, com a venda dos seus livros, conseguiu um dinheiro que jamais vira, também foi castigada pelo estigma de escritora favelada.

    Já estava fora de cena há mais de uma década quando Clélia Piza, uma brasileira radicada em Paris, a visitou em sua casa em São Paulo. Levou do encontro os manuscritos da infância de Carolina, publicados postumamente como "O Diário de Bitita" –o livro, publicado na França, reacendeu o interesse pela escritora.

    Era 1975 e Clélia, que trabalhara na década de 60 como correspondente do "Estado de S. Paulo" na capital francesa, começava a consolidar uma carreira importante por aqueles lados. Consultora das principais editoras francesas, foi responsável pela publicação de Clarice Lispector na terra de Simone de Beauvoir.

    Aportou em Paris em 1951, junto do marido, Arthur Luiz, que despontava como pintor. Não tinham planos de ficar ali para o resto da vida. "Fomos ficando, sendo adaptados e adotados", afirmou certa vez.

    Com Arthur, era um ponto nevrálgico da rede de solidariedade a exilados brasileiros que buscaram abrigo em Paris após o golpe de 1964.

    Era tenaz e disciplinada – aprendeu russo depois dos 60 anos. Mais que isso, a generosidade é a sua característica mais recordada. "A primeira coisa que me lembro é a capacidade de escutar o outro, de guardar segredos e de se preocupar com o próximo mesmo em situações limite", lembra a sobrinha Maria Helena Peres Oliveira. A amiga Rosa Freire D'Aguiar reforça –quando enviuvou, Clélia a ajudou a superar o luto se ocupando de cuidar do seu dia-a-dia.

    Morreu no dia 18, aos 86, após ter problemas pulmonares. Deixa irmã e sobrinhos.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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