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    Zilna Rios Barjas (1927-2017)

    Mortes: Resiliente, desbravou o Brasil para cuidar das filhas

    ANTONIO MAMMI
    DE SÃO PAULO

    01/09/2017 00h00

    Arquivo Pessoal
    Zilna Rios Barjas (1927-2017)
    Zilna Rios Barjas (1927-2017)

    Mais de cinco décadas antes de se falar no vírus zika, Zilna Rios Barjas passou pela concretização de um dos maiores temores das grávidas brasileiras nos últimos anos: deu a luz a gêmeas diagnosticadas com microcefalia.
    Era 1961 e Zilna, que já tinha uma filha, trabalhava. Poliglota (falava inglês e francês), era funcionária da Biblioteca Municipal de São Paulo, tradutora de livros infantis e intérprete em visitas de autoridades estrangeiras.

    Durante os primeiros anos de vida das meninas, ela se manteve na metrópole. Mas, para criá-las como queria, era preciso uma mudança de ares. O destino escolhido era incomum para alguém tão cosmopolita: Três Lagoas, então em Mato Grosso (a divisão do Estado só ocorreria alguns anos após sua chegada).

    A família do marido, Clóvis, era dona de propriedades no Estado e o novo endereço era o mais próximo do antigo –dista 667 km da capital paulista pela BR-374.

    A capacidade de adaptação de Zilna impactou a cidade desde o momento em que se mudou. "Ela não se deixava abater por nenhuma dificuldade", diz o genro Vagner.

    Especializou-se no ensino de crianças com deficiência intelectual e abriu uma escola nos fundos da sua casa. Tempos depois, o estabelecimento se tornou a primeira Apae de Mato Grosso do Sul.

    Era progressista. Arrepiou os cabelos dos três-lagoenses quando mandou a primogênita, menor de idade, para um intercâmbio em Paris.

    No fim da vida, depois que as gêmeas se foram, mudou-se para Holambra (SP), para ficar perto dos familiares.

    Morreu aos 90, de causas naturais. Deixa a filha Malu, o genro e o neto Rodrigo.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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