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    Confronto entre polícia e ladrões deixa jornalista em estado grave em Caruaru

    KLEBER NUNES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RECIFE

    18/09/2017 15h32 - Atualizado às 20h04

    Reprodução
    Jornalista Alexandre Farias, 39, que está internado em estado grave após ter sido baleado num confronto
    Jornalista Alexandre Farias, 39, que está internado em estado grave após ter sido baleado num confronto

    O jornalista Alexandre Farias, 39, da TV Asa Branca, afiliada da Rede Globo em Caruaru (PE), está internado em estado grave, em coma induzido, após ter sido baleado no rosto durante suposto confronto entre policiais e bandidos.

    Farias foi atingido enquanto dirigia em direção à sua casa, no Alto do Moura, ponto turístico de Caruaru, depois de apresentar o ABTV segunda edição, no último sábado (16). Três suspeitos foram presos -segundo a polícia, já têm condenações por homicídios e assaltos.

    De acordo com a Polícia Militar, assaltantes estavam em um carro roubado quando houve perseguição e troca de tiros. Na fuga, os acusados ainda atropelaram socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que estavam em uma ocorrência no local.

    O jornalista foi socorrido para o Hospital Regional do Agreste e, em seguida, transferido para o hospital Unimed, também em Caruaru (PE).

    O projétil, que entrou pela região do olho direito, causou perda de massa encefálica. "É muito cedo falar em sequelas. Só teremos uma avaliação detalhada no mínimo depois de 72 horas. A possibilidade que ele viva é grande", disse o neurocirurgião Ronaldo Neves, no domingo (17).

    Nesta segunda (18), amigos de Farias disseram à Folha que ele está evoluindo de forma positiva e que o edema diminuiu. "O paciente encontra-se estável, porém crítico, respirando com a ajuda de ventilação mecânica. Houve melhora da pressão intracraniana, estando próximo aos níveis normais", diz boletim médico divulgado à tarde.

    Farias é natural de Escada, cidade da zona da mata sul de Pernambuco. O jornalista trabalhou em emissoras de rádio e TV do Estado e da Paraíba como repórter, apresentador e diretor de programação. Desde 2015 é apresentador na TV Asa Branca.

    Ele também é professor universitário e há 12 anos atua na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus (PE).

    REPERCUSSÃO

    O grupo Nordeste de Comunicação, que inclui a TV Asa Branca, emitiu nota criticando o aumento da violência e a falta de ações dos governos estadual e municipal.

    "Só em Caruaru já são mais de 200 assassinatos neste ano. E o que vemos são os governos estadual e municipal em lados opostos, espremendo uma população indefesa", diz trecho do texto.

    Caruaru é a cidade com o maior número de mortes violentas do interior pernambucano. Segundo dados da Secretaria de Defesa Social, de janeiro a agosto deste ano foram 193 assassinatos –em todo o ano passado, foram 225.

    O clima de insegurança chegou a limitar os horários de shows durante as festas juninas pelo segundo ano consecutivo. A cidade tem o São João mais famoso do Nordeste.

    O Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco e a Federação Nacional dos Jornalistas definiram como "inaceitável o cenário de violência do Estado" e cobraram rigor na investigação dos crimes.

    A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), disse, também por meio de nota, que está agindo dentro do que cabe ao município com ações na área de prevenção e criticou a gestão na segurança pública do governo Paulo Câmara (PSB).

    "O meu apelo é para que melhore as condições das polícias que atendem o município, através da criação de mais delegacias de plantão, com aumento do efetivo."

    INVESTIGAÇÃO

    Depois de denúncias anônimas, três dos cinco suspeitos foram presos no fim da tarde desta segunda (18) em um sítio na zona rural de Caruaru.

    José Ranieri de Oliveira Simões, 32, Vagner Santos Figueiredo, 30 e Victor Luiz Bezerra da Silva, 20, são foragidos da penitenciária estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN). No início do ano, uma rebelião deixou um saldo de 24 presos decapitados e dois carbonizados no presídio potiguar. A polícia não soube informar quem são os advogados dos suspeitos.

    De acordo com a polícia, houve troca de tiros e um suspeito identificado como João Pedro foi baleado e morreu no sítio onde o grupo estava escondido. No local, os agentes apreenderam quatro armas.

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