Quando um jovem opta por uma profissão tradicional, como advocacia ou medicina, é comum que alguém pergunte se ele está seguindo os passos do pai ou do avô. Embora a ocupação de Neto Mazzarini não fosse das mais convencionais, ele podia responder que, no seu caso, a influência foi dupla.

Não é que ele tenha acordado um dia e decidido ser locutor de eventos de motocicleta, mas foi acontecendo. De Barra Bonita (SP) a Passos (MG), a sonoplastia de uma boa festa tinha que ter dois elementos: motores roncando bem alto e a voz de Neto.

O fascínio pelas máquinas pode ter puxado do pai, dono de uma Vespa e presidente do aeroclube da quase mineira Vargem Grande do Sul (SP); o carisma com a audiência vinha do avô, que recitava poesias e serenatas na rádio local.

As duas rodas pautaram sua vida. Agitador, fundou o motoclube da cidade, editava o jornal "Ralados no Asfalto" e organizava "motoadas" ao longo das fronteiras entre São Paulo e Minas Gerais.

Daqueles que faz os outros rirem, também era integrante do "Bombardeio na Web", programa radiofônico em que entrevistava convidados que iam de Luluzinha ("um dos melhores cachorros quentes da região", segundo anúncio nas redes sociais) a Tupã Brasil, autor da moda sertaneja "Mercedão Vermelho".

"Ele era muito engraçado. Caiu com uma luva no programa", lembra o colega e amigo Ricardo Cardozo de Lima.

No último dia 10, Neto pilotava de volta para casa depois de um encontro em Guapé (MG) quando sofreu um acidente fatal. Deixa os pais, mulher, dois filhos e uma neta.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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