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    Ex-cirurgião plástico que esquartejou amante é encontrado morto em casa

    MARIANA ZYLBERKAN
    DE SÃO PAULO

    22/09/2017 14h17

    Alberto Rocha/Folhapress
    São Paulo, SP, Brasil, 22-09-2017: Médico Farah Jorge Farah é encontrado morto em sua casa na Vila Mariana, policiais chegaram de manhã para cumprir mandado de prisão. (Foto: Alberto Rocha/Folhapress)
    Corpo do médico Farah Jorge Farah é retirado de sua casa, na Vila Mariana

    O ex-cirurgião Farah Jorge Farah, 68, foi encontrado morto em sua casa, na Vila Mariana (zona sul de SP), na manhã desta sexta-feira (22). Policiais foram até a casa do médico para cumprir mandado de prisão por volta das 6h. Alheio à movimentação, ele foi até o portão da casa, vestido com um roupão, para receber um saco de um entregador e logo entrou de novo.

    Diante do chamado dos policiais, ele ainda disse que iria trocar de roupa. Como demorou para abrir a porta novamente, os oficiais chamaram um chaveiro para entrar no imóvel. Quando subiram a escada do sobrado, encontraram Farah deitado na cama, já morto.

    Ele havia feito cortes com bisturi na perna. Não houve tempo para socorrê-lo, e seu corpo foi tirado de casa em um saco para dentro do carro da Polícia Científica.

    Ele estava vestido com roupas femininas, uma camiseta justa azul e uma legging, e tinha feito implantes de silicone. Ao redor, no quarto bagunçado, tinha peças de roupas de mulher, entre outros objetos, jogados pelo chão e em cima da cama. "Ele fez um ritual para a morte", disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves. "Queria ter feito a prisão para ele cumprir a pena, mas não deu tempo."

    Fã de música clássica, o ex-cirurgião escolheu uma trilha sonora descrita como "fúnebre" pelo delegado para tocar pouco antes de se matar.

    Vizinhos relatam que o som alto era recorrente na casa, que pertencia aos pais de Farah e para onde ele se mudou após o crime, em 2003.

    Farah tinha sido condenado a 14 anos e oito meses de prisão pela morte, esquartejamento e ocultação do cadáver da ex-amante Maria do Carmo Alves, em 2003. Na quinta-feira (21), sua prisão foi decretada. após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que anulou aval para ele cumprir a pena em casa, válido desde 2007, quando ele deixou a prisão. "Ele havia sido declarado semi-inimputável, há documentos que provam isso", disse o advogado do ex-cirurgião, Marcelo Raffaini.

    O crime ocorreu no consultório de Farah, na zona norte da cidade. A vítima, de 46 anos, também era paciente do cirurgião plástico. Partes do corpo dela foram encontradas embaladas em sacos de lixo, escondidos no porta-malas do carro de Farah. Ele removeu a pele de partes do rosto e as impressões digitais da vítima para dificultar seu reconhecimento. Como confessou o crime, teve a pena baixada em dois anos. Para justificar o assassinato, sua defesa alegou que o ex-cirurgião era perseguido pela amante, que não aceitava o fim do relacionamento. Logo após o crime, Farah se internou em uma clínica psiquiátrica e acabou confessando a autoria a uma sobrinha durante uma visita. Ela, então, o denunciou.

    Famoso no bairro por causa do assassinato, o ex-cirurgião era conhecido também por seus hábitos excêntricos. Ele usava um cajado de madeira para caminhar, por causa de uma lesão na coluna. Era visto também constantemente com uma sacola que usava para juntar coisas que encontrava pela rua. O acúmulo de roupas e objetos era visível dentro da casa, segundo os policiais, e o local estava sem fornecimento de água.

    Diante da porta de vidro que dá acesso à sala, uma placa foi pendurada com os dizeres: "Perigo: alta tensão".

    Há algum tempo, ele passou a chamar atenção pelos implantes de silicone no peito e nas nádegas. Mesmo assim, ele continuava usando roupas masculinas e não se deixava fotografar. "Ele não gostava de ninguém andando atrás dele na rua. Sempre parava e deixava a pessoa passar", diz a vizinha Sônia Cristina Rodrigues.

    Era comum também a presença de uma moradora de rua que o chamava diariamente do portão para receber comida ou alguns trocados. Ela chegava a dormir diante do portão da casa de Farah.

    Robson Ventura/Folhapress
    O médico Farah Jorge Farah em 2007, quando recebeu alvará de soltura
    O médico Farah Jorge Farah em 2007, quando recebeu alvará de soltura
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