Viciado em livros, Sérgio Miguez não conseguia ler só um de cada vez e costumava ter a casa lotada de exemplares, que apareciam em qualquer gaveta ou armário.

Tal paixão guiou a sua carreira. Foi sócio da livraria Belas Artes e da Futuro Infinito, especializada em obras sobre a sexualidade. Elas foram fechadas em 2003 e 2004, respectivamente.

Após o período como livreiro, ele passou a trabalhar na Livraria Cultura, onde ficou por uma década, e chegou a editor-chefe da "Revista Cultura" e à gestão do departamento de Comunicação.

Conhecido no meio cultural, Miguez cultivava um talento secreto como artista plástico e planejava abrir um ateliê na fazenda de um amigo.

Fazia amizade fácil e com pessoas de todos os estilos. "Espero encontrar drag queens e empresários de direita e esquerda no velório dele", disse a amiga Carina Matuda.

O amor por livros e a vontade de incentivar outros a ler o levou a criar a página no Facebook "Tem Mais Gente Lendo", na qual ele incentivava os seguidores a abandonarem obras em espaços públicos e postava fotos de pessoas lendo.

Ele transbordava felicidade, é assim que Gabriela define o tio, que cuidava dos sobrinhos como se fossem seus próprios filhos. Na semana que antecedeu sua morte, ele estava em Nova York a passeio com um amigo.

Internado desde domingo (17), Miguez morreu na madrugada desta sexta-feira (22) em decorrência de complicações no fígado, informou sua família. Deixa os sobrinhos Gabriela, Gustavo, Pedro e Luiz Felipe. Ele tinha 55 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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