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    Longe de Blumenau, Oktoberfest de SP tem tudo para pegar, mas só no futuro

    SANDRO MACEDO
    ENVIADO ESPECIAL A BLUMENAU

    08/10/2017 02h00

    Maior festa cervejeira do mundo, a Oktoberfest foi criada em Munique no século 19 pelo rei bávaro Ludwig 1º, para celebrar o casamento de... Ludwig 1º, claro. Muitos chopes depois, o evento se tornou instituição alemã (mais importante até que o 7 a 1) e ganhou versões no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

    Em "terras brasilis" a mais famosa é a de Blumenau (SC), com 34 anos. Reza a lenda que se você quiser encontrar algum paulista em outubro fora da cidade, é só ir ao evento em Santa Catarina. Sendo assim, até que demorou para São Paulo criar uma Oktoberfest para chamar de sua.

    A festa paulista nasceu curtinha: são oito dias distribuídos em duas semanas -termina neste domingo (8). A impressão de quem trabalhou e visitou o local na sexta e no sábado foi de público pequeno, atrapalhado pela chuva.

    Apesar disso, a organização jura que 30 mil pessoas passaram pelas catracas do Sambódromo do Anhembi entre sexta e domingo. Mesmo assim, o número fica abaixo da previsão de 150 mil pessoas para todo evento (ainda podemos ter o espetáculo do crescimento nesta semana, a ver).

    Em Blumenau, o primeiro dia (4), com entrada gratuita, teve o tradicional desfile no centro e cerca de 27 mil pessoas na Vila Germânica.

    Com só mais 10 mil (pagantes) na quinta (5) -até a organização achou pouco-, o evento soma 37 mil pessoas. E a festa de 19 dias seguidos vai até o dia 22. Mas o que dá para dizer da festa paulista em relação a blumenauense?

    INGRESSO

    No fim de semana o acesso ao sambódromo é de salgados R$ 100. Quem quiser entrar na tenda ("Biertent") para ver os principais shows -ou simplesmente fugir da chuva- paga mais R$ 50.

    São R$ 150... sem um gole de cerveja. Detalhe: as cervejas na tenda são apenas as da Ambev, com uma especial marzen da Brahma como carro-chefe (mas tem também as coirmãs Colorado e Goose Island). Quem quiser provar as artesanais tem que ir ao lado do Biergarten, fora da tenda.

    Em Blumenau, o ingresso mais caro é R$ 40. A entrada vale tanto para o Biergarten externo como para os pavilhões (não tem custo adicional), nos quais você acha vários estilos da cervejaria principal do evento, a Eisenbahn, e de artesanais da região.

    CERVEJAS

    O simpático festival de cervejas artesanais promovido pela Oktober de São Paulo traz boas cervejarias paulistas, como a Bamberg, a Madalena, a Avós ou a Dádiva.

    Elas ganham o reforço de Santa Catarina (Blumenau e Schornstein) e das alemãs Erdinger e Hofbräu. O valor, em média, é de R$ 12, copo de 300 ml, ou R$ 16 (500 ml). A desvantagem aqui é que não é possível comprar as artesanais na tenda interna, que só comercializa marcas Ambev.

    Na festa de Blumenau o copo de 400 ml, tamanho padrão, custa R$ 10 (mais por menos, em relação a SP).

    Os cinco grandes estandes de artesanais são de marcas da região, incluindo Blumenau, Das Bier e Hemmer. A "intrusa" é a paulista Baden Baden, que é do mesmo grupo da Eisenbahn (a Heineken). Na Vila Germânica tem ainda o bar Bier Vila, que comercializa outras marcas.

    PÚBLICO

    O público das duas festas é bem variado. Mas a de São Paulo ganhou forte componente familiar. Era comum ver casais com crianças, que aproveitavam os brinquedos do Bierpark, com direito a escorrega, pula-pula, carrossel e um brinquedo mais radical para os maiores. Até barraca de pescaria (meio junino, não?) tinha à disposição.

    Em Blumenau, o público muda um pouco com o avançar da noite, ficando mais jovem (e um tanto atrevido). Mas a organização evita "vender" o clima de azaração ou micareta que permeia as mentes de turistas mundo afora (muitos, paulistas).

    Na quinta, primeiro dia pago em Blumenau, houve uma ocorrência com um agente penitenciário sendo detido após uma confusão. O problema foi perto de 1h. A festa catarinense acaba às 3h, a paulista não passa de meia-noite.

    Para evitar os dias de maiores aglomerações (sábados), que rendem mais confusão, a organização limitou o público da festa em 40 mil simultaneamente. Depois disso, a catraca trava.

    O veredicto é que a comparação entre as duas festas é (ainda) quase cruel. Blumenau abraça com orgulho sua Oktoberfest e desfila com prazer em seus trajes típicos (nunca se viu tanto homem de bermuda de couro ou camurça).

    Em São Paulo, a festa tem tudo para crescer nos próximos anos. Ainda mais se ajustes (o preço, e, principalmente, o preço) forem reparados. O slogan "onde o mundo se mistura e a cidade se encontra" ainda soa pretensioso. Aqui o traje típico era chamado de fantasia mesmo (estamos no sambódromo).

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