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    Célia Bonifácia Diniz (1928-2017)

    Mortes: Tia Célia realizou o sonho de crianças atleticanas por 37 anos

    ANTONIO MAMMI
    DE SÃO PAULO

    08/10/2017 00h00

    Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
    Célia Bonifácia Diniz (1928-2017)
    Dona Terezinha e Célia Bonifácia Diniz (1928-2017), em homenagem feita pelo Atlético-MG

    Adolescente, Célia ajudava a mãe no serviço na casa de Kafunga, mítico goleiro do Atlético Mineiro. De tanto lavar e passar, pegou olho: cerzia os uniformes desfiados e, quando percebeu, já fazia as golas das camisas do patrão.

    Tudo em sua vida remeteu ao alvinegro. Aprendeu o ofício de costureira remendando os panos de Kafunga; as lembranças da infância eram na cacunda do pai, a vista por cima das cabeças da multidão na arquibancada de Lourdes.

    Casou-se com o atleticano Manuel, o Mineirão foi erguido, ela acompanhando o Galo feito procissão, a lata com frango e farofa num braço, as crianças pequenas no outro.

    Em 1977, o filho Carlinhos entrou em campo junto com os jogadores. Durante os 37 anos seguintes, ganhou aposto: virou Tia Célia, coordenadora de mascotes mirins do Atlético –era ela quem reunia as crianças nos portões do estádio e as punha de mãos dadas com os ídolos no túnel que dava no gramado.

    "No começo, ela levava os meninos do bairro dela e eu os do meu, a diretoria pagava os ônibus", lembra dona Terezinha, com quem dividiu o posto durante o período.

    O cargo era voluntário, mas Célia fazia ainda mais. Devota de Nossa Senhora, todo jogo emprestava sua santinha para o altar do vestiário.

    Em 2015, a CBF limitou o número de mascotes, e o clube restringiu as vagas a sócios-torcedores. Célia ficou sem função. Mesmo assim, foi homenageada no último dia 24, antes de um jogo contra o Vitória. Foi a última vez que pisou num campo de futebol.

    Morreu nesta terça (2), aos 88, de câncer. Deixa nove filhos, 18 netos e 22 bisnetos.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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