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    Exército prende militares suspeitos de maus-tratos em batalhão de Goiás

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    18/10/2017 19h52

    Rubens Valente/Folhapress
    Tropas da Polícia do Exército em Brasília
    Tropas da Polícia do Exército em Brasília montando guarda na Esplanada dos Ministérios

    O Exército determinou nesta quarta-feira (18) a prisão administrativa, por 72 horas, de militares acusados por soldados de terem cometido maus-tratos no interior do 41º Batalhão de Infantaria Motorizado de Jataí (GO).

    A decisão ocorreu no mesmo dia em que o Ministério Público Federal de Rio Verde (GO) anunciou a abertura de um inquérito civil para apurar a denúncia de que um grupo de soldados sofreu, neste ano, suposta "prática de assédio moral, racismo e até mesmo tortura" no interior do batalhão.

    Na representação que deu origem ao inquérito, consta que no ato da apresentação dos novos soldados ao batalhão todos foram instados a dizer se eram "petistas ou defensores dos direitos humanos". Os que assim se identificaram, segundo a denúncia sob investigação, "passaram a ser alvo de uma série de perseguições por parte de seus superiores hierárquicos", conforme texto divulgado pelo MPF (Ministério Público Federal) de Goiás.

    O procurador da República que apura o assunto, Jorge de Macedo, disse que a denúncia, feita de forma anônima, veio acompanhada de áudio e vídeo que conteriam indícios dos abusos contra pelo menos quatro soldados. Entre os militares sob investigação estão cabos e sargentos sob comando de um tenente.

    A um soldado negro, um dos suspeitos teria dito que "você é preto, feio e não pode mudar isso". No momento em que fazia flexões, outro soldado teria sido acossado com pisões nas costas e na cabeça.

    "Os indícios trazidos na representação são fortes e coerentes com a narrativa das denúncias", disse o procurador da República. Outro ponto sob investigação no MPF é a suposta manipulação de um depoimento no decorrer de uma sindicância interna aberta no batalhão para investigar um caso semelhante ocorrido na mesma unidade militar. Segundo a denúncia, a vítima teria sido coagida a dizer, na sindicância, que não sofrera violência.

    O procurador deu um prazo de 15 dias para o Exército dizer que medidas adotou para apurar o assunto e que providências tomará em relação às supostas vítimas.

    Procurado pela Folha, o Comando do Exército em Brasília informou que as prisões dos militares, em número não informado, foram determinadas pelo comando do batalhão de Jataí, que teria tomado conhecimento das denúncias apenas nesta terça-feira (17).

    Segundo o Comando, além das prisões foi determinada a "transferência interna dos militares que teriam recebido os maus tratos, para evitar contato entre denunciados e denunciantes, a fim de garantir a correta elucidação do ocorrido". Também foi aberto um IPM (Inquérito Policial Militar) "para apurar a denúncia, bem como os fatos contidos no ofício enviado pela PGR [Procuradoria Geral da República".

    "Cumpre ressaltar que a Força Terrestre tem, como um de seus valores, o respeito ao indivíduo e à dignidade da pessoa humana, em todas as situações, bem como empenha-se rigorosamente para que eventuais desvios de conduta sejam corrigidos dentro dos limites da lei", afirmou o Comando, em nota à reportagem.

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