• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 02:12:21 -03

    Assassinos usaram doces para atrair meninas; mulher delatou um deles

    ROGÉRIO PAGNAN
    MARINA ESTARQUE
    DE SÃO PAULO

    20/10/2017 22h35

    A Polícia Civil de São Paulo prendeu dois homens sob a suspeita de terem estuprado e matado as duas meninas de três anos encontradas no compartimento de cargas de uma picape no último dia 12, na favela Jardim Lapena, em São Miguel Paulista (zona leste).

    A principal suspeita da polícia é de um crime ligado à pedofilia, já que os suspeitos teriam confessado atração por crianças. Um deles admitiu que a dupla vinha planejando o ataque havia dias –o que acabou concretizado na tarde de 24 de setembro. A mulher de um dos homens delatou o próprio marido.

    "Eles atraíram as meninas para um barraco. De que forma? Eles ofereceram doces para duas e pediram para que elas os acompanhassem até um barraco, [onde] teria mais doces", disse a delegada responsável pelo caso, Ana Paula Rodrigues, do DHPP (Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa).

    As duas crianças atacadas eram vizinhas de bairro. De acordo com a delegada, um dos suspeitos afirma que, dentro do barraco, as meninas foram primeiro mortas, asfixiadas, e, em seguida, estupradas. A polícia investiga se essa versão é verdadeira. Ainda pelo relato desse homem, os corpos das crianças foram levados ao interior do carro à noite –para não serem vistos pelos vizinhos.

    Esses dois homens, Marcelo Pereira de Souza e Everaldo de Jesus Santos, segundo a polícia, são os mesmos homens que foram torturados por criminosos na semana passada para que confessassem a morte das meninas. Os policiais dizem acreditar que ambos só não foram mortos porque os homens da Polícia Militar, acionados por vizinhos, chegaram a tempo de evitar um novo crime.

    A Folha não conseguiu contato com os familiares e com advogados dos suspeitos –questionada, a polícia não informou, até a conclusão desta edição, se eles já tinham defensores e os nomes.

    Joel Silva/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL- 20-10-2017 : Enterro das duas meninas de três anos que foram achadas mortas no dia 12 dentro de uma Fiorino. O IML liberou os corpos de Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto. ( Foto: Joel Silva/Folhapress ) ***COTIDIANO*** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
    Enterro das duas meninas de três anos que foram achadas mortas dentro de um carro

    MULHER

    O assassinato das meninas foi esclarecido com a ajuda da mulher de Souza. O marido teria confessado a ela o estupro e a morte das meninas. "Ela [mulher de Souza] disse que não estava mais conseguindo dormir em razão desses fatos", afirmou a delegada.

    A mulher disse aos policiais que o marido a avisou, anos atrás, que tinha atração por crianças do sexo feminino. Por isso, Souza era impedido de se aproximar da própria filha, de quatro anos. "Ele nem chegava perto da menina quando ela tomava banho, porque tinha medo de ter um impulso sexual e violentar a própria filha", disse.

    Souza, ainda de acordo com a polícia, já cumpriu pena de seis anos porque, em 2005, foi preso em flagrante por violentar uma criança de sete anos de idade, filha de uma namorada dele.

    Os policiais disseram ainda que, diante do depoimento da mulher, Souza confessou o crime e entregou o comparsa. Santos prestava depoimento à polícia nesta sexta (20) e teria relatado desavença com o pai de uma das vítimas.

    CRIME

    Os corpos das duas meninas, Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto, foram encontrados no último dia 12 dentro do compartimento de cargas de uma Fiat Fiorino. O carro era produto de roubo e estava escondido em um terreno baldio, próximo à casa das vítimas.

    Segundo a família, estavam na porta de casa quando sumiram, no dia 24 de setembro, sem deixar pistas. Como os corpos estavam em avançado estado de putrefação quando foram localizados, a polícia não tinha certeza (sem exames do IML) se as duas tinham ou não sofrido violência, incluindo sexual.

    Vizinhos diziam ter dúvidas se poderia ter havido um acidente, já que houve caso de uma criança ficar presa em um veículo naquele terreno. Nesta semana, a polícia disse que a possibilidade de ter sido acidente era pequena porque a porta do compartimento de carga da picape estava apenas encostada.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024