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    PM abre inquérito para apurar como adolescente teve acesso à arma em GO

    CLEOMAR ALMEIDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GOIÂNIA

    23/10/2017 16h08 - Atualizado às 19h58

    A Polícia Militar de Goiás instaurou, nesta segunda-feira (23), um inquérito para apurar como o adolescente de 14 anos que abriu fogo contra colegas de sala teve acesso a uma pistola.40, que é da corporação e estava sob a responsabilidade da mãe dele, uma sargento da PM com mais de 20 anos de atuação na corporação.

    A informação foi repassada à Folha pelo assessor de comunicação da PM, o tenente-coronel Marcelo Granja.

    A arma foi usada para matar dois alunos e ferir outros quatro na escola particular Goyases, no setor Riviera, na região leste da capital, na última sexta-feira (20). A mãe do autor dos disparos, que responde ao inquérito, está internada em uma clínica particular da cidade, desde que soube do envolvimento do filho no caso.

    O delegado Luiz Gonzaga Júnior, titular da Depai (Delegacia de Apuração de Atos Infracionais) de Goiânia e responsável pelo caso, disse que "o bullying foi o estopim". "Tem todo um contexto maior, mas a psicóloga vai poder dizer", afirmou.

    "Esse contexto maior é mais questão de psicologia, não de investigação. Ninguém mata ninguém porque alguém chamou um alguém de alguma coisa", disse o delegado. Ele se referiu ao fato de o autor afirmar, em depoimento, que era chamado de "fedorento".

    O atirador, que recebeu ordem da Justiça para ficar internado por ao menos 45 dias, e o irmão mais novo dele, cuja idade não foi divulgada, não voltarão a estudar mais na escola, segundo a advogada da família, Rosângela Magalhães. Ela contou que mãe deles está internada "em estado de choque".

    TIROS EM GOIÂNIA Raio-x da escola particular Goyases, onde ocorreu o ataque

    O pai do adolescente autor dos disparos, um major com mais de 25 anos na PM, visitou o filho no sábado (21) e no domingo (22). O oficial contou à advogada que o jovem "está muito mal, principalmente porque um dos amigos dele [João Vitor Gomes, 13] está entre as vítimas que morreram." O outro morto é João Pedro Calembo, 13.

    Em novo depoimento à polícia, na manhã desta segunda-feira, ele disse que nunca ensinou o filho a atirar e que o garoto nunca comentou sobre o bullying em casa.

    Ele falou bem do filho, que era muito inteligente, um excelente filho em casa e que tinha relacionamento bom com a família. Segundo Gonzaga Junior, o jovem era tido como "CDF", muito inteligente. O pai não soube dizer ao delegado como o filho pegou a munição e o carregador trancados na gaveta.

    Enquanto a mãe está internada em uma clínica particular, o pai corre de um lado para o outro para disponibilizar suporte ao filho mais velho e conversar com a advogada. Ele não concedeu entrevista à imprensa. O autor dos disparos está recebendo atendimento psicológico na delegacia e o irmão dele está ficando com uma avó.

    A advogada da família repetiu que, primeiramente, se preocupa com a integridade física do adolescente, já que, conforme observou ela, o caso teve repercussão internacional e os pais dele são militares. A decisão da Justiça ordenou que ele seja encaminhado a um centro de internação da cidade, mas a defesa quer que ele permaneça na delegacia em sala separada.

    Os pais do adolescente podem ser penalizados de forma criminal e também administrativa (na PM, por serem policiais), segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, titular da Depai de Goiânia e responsável pelo caso.

    O crime eventual seria de omissão na guarda de cautela de arma de fogo a menor de 18 anos, sujeito a detenção de um a dois anos e multa –afiançável.

    Na manhã desta segunda-feira, pais e alunos voltaram à escola para pegar os materiais que ficaram para trás no momento em que correram do atentado. Saíram todos bastante emocionados. Ainda não há data prevista para o retorno às aulas na unidade de ensino.

    Entre os feridos no ataque, três alunas continuam internadas. Duas delas, de 13 e 14 anos, em estado regular, de acordo com boletim médico divulgado pelo Hospital de Urgências de Goiânia na manhã desta segunda-feira. O Hospital dos Acidentados, onde a terceira ferida segue internada, não divulgou seu estado de saúde –no entanto, em uma postagem no Facebook, familiares escreveram que ela está bem.

    Arquivo Pessoal
    Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia
    Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia

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