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    Rio de Janeiro

    Polícia pede prisão preventiva de PM que atirou em espanhola na Rocinha

    DO RIO

    24/10/2017 12h20 - Atualizado às 12h56

    Márcio Alves/Agência O Globo
    Carro com turista chegando na emergência do Hospital Miguel Couto, na Gávea, após tiro disparado pela PM
    Carro com turista chegando na emergência do Hospital Miguel Couto, na Gávea, após disparo da PM

    A Polícia Civil do Rio pediu à Justiça a prisão preventiva do policial militar que disparou o tiro que matou uma turista espanhola na Rocinha na manhã de segunda-feira (23).

    Maria Esperanza Jimenez, 67, estava em um carro de passeio no alto da favela na companhia do irmão, da cunhada, de um motorista e de uma guia turística no momento do disparo.

    A versão inicial era a de que o carro com os turistas teria furado um bloqueio policial na comunidade. Ao ter a ordem de parar desrespeitada, o policial teria disparado com fuzil na direção do carro. O projétil atravessou o vidro traseiro e acertou o pescoço da turista, que foi socorrida mas chegou morta ao hospital.

    A versão das testemunhas que estavam dentro do carro, no entanto, é diferente: o motorista, a guia e um passageiro alegaram não haver bloqueio policial no momento do ocorrido. Eles também negaram terem recebido ordem de parar o veículo.

    O tenente Davi dos Santos Ribeiro é apontado como o autor do disparo de fuzil que matou Jimenez, empresária do setor imobiliário de uma cidade do sul da Espanha.

    Ele foi preso nesta segunda em flagrante pela corregedoria da PM. A Delegacia de Homicídios, que apura o caso, pediu a conversão da prisão para preventiva. O PM responderá por homicídio doloso.

    Os PMs envolvidos passaram a madrugada desta terça-feira (24) na delegacia na Barra, zona oeste. O tenente seguiu para o Batalhão Prisional da PM em Niterói.

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    O tenente estava na companhia de um outro oficial e de um soldado no momento do disparo. Apenas o tenente teria disparado contra o carro. Um outro disparo teria sido disparado para o alto por um soldado, que responderá por um crime menor, de disparo de arma de fogo. O tenente preferiu ficar calado durante o depoimento. O fato foi esclarecido com base no relato de outros policiais envolvidos.

    O tenente Davi é lotado no 5º batalhão da PM (Praça da Harmonia), mas estava cedido ao 23º BPM (Leblon) para reforço nas ações na Rocinha. O fato ocorreu por volta das 10h30 de segunda. Uma hora antes havia tido uma troca de tiros entre policiais e traficantes na favela. Dois PMs e um suspeito ficaram feridos na ação.

    O tiro que atingiu a turista quase acertou também o motorista do carro, segundo afirmou o delegado Fabio Barbosa, titular da delegacia de homicídios. Dois tiros atingiram o carro de passeio.

    Os espanhóis chegaram ao Rio no dia 20 e deixariam a cidade nesta terça, um dia depois do ocorrido.

    VIOLÊNCIA

    A Rocinha vive clima tenso há quase um mês, quando um racha na facção que domina o tráfico local provocou conflito armado entre dois grupos, antes aliados e agora rivais. As Forças Armadas chegaram a ocupar a favela por uma semana, mas se retiraram antes de os integrantes dos grupos serem encontrados e presos.

    A PM permanece no morro com 550 homens. Operações diárias são feitas na favela em busca de criminosos. Chamou atenção o fato de a guia não ter alertado os turistas sobre a situação na favela e o risco em potencial do passeio.

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