O Ministério do Meio Ambiente acionou a Polícia Federal para investigar as causas do incêndio que já consumiu 26% da região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, devido aos "fortes indícios" de que seja resultado de ação criminosa.

Em entrevista nesta quarta (25), o ministro substituto da pasta, Marcelo Cruz, disse que a Polícia Ambiental de Goiás também foi acionada.

Até a tarde desta quarta-feira (25), mais de 60 mil hectares do parque já haviam sido consumidos pelo fogo.

Segundo o coordenador-geral de proteção do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Luiz Felipe de Luca, há relatos de motociclistas que estariam carregando gasolina e alimentando o incêndio.

O combate às chamas envolve uma operação com 215 pessoas coordenadas pelo ICMBio, que é responsável pelo parque, além de mais de cem voluntários. Estão sendo empregados cinco aviões tanque, quatro helicópteros e um avião C130 da FAB (Força Aérea Brasileira).

O chefe do parque, Fernando Tatagiba, afirmou à BBC Brasil que o fogo foi criminoso. "Não existe a possibilidade de combustão espontânea nessa região, e 100% dos incêndios na seca no cerrado são provocados pelo homem. O local onde ele começou deixa claro que o incêndio foi uma ação humana", disse.

Apesar disso, Cruz afirmou também que é preciso levar em consideração as condições climáticas de 2017, já que a região enfrenta estiagem prolongada e temperaturas mais elevadas que a média.

Cruz, que é secretário-executivo do ministério, está ocupando a pasta durante a crise porque o titular, Sarney Filho (PV-MA), foi exonerado por Michel Temer para votar na deliberação sobre a segunda denúncia contra o presidente no plenário da Câmara.

O incêndio na Chapada dos Veadeiros ocorre quatro meses após a ampliação do parque, que foi alvo de resistência e debates sobre a indenização de donos de terras. O fogo começou na quarta (18) na rodovia GO-118 e se alastrou dentro e fora do parque, que foi fechado para visitação.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi criado em 1961, com 625 mil hectares de área protegida, à época com o nome de Parque Nacional do Tocantins.

Ao longo dos anos, a reserva teve seus limites reduzidos até chegar em 65 mil hectares, em 1981. Em junho deste ano, o parque foi ampliado para 240 mil hectares.