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    Rio de Janeiro

    Comandante de batalhão da PM morre após ataque a tiros no Rio de Janeiro

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    26/10/2017 14h41 - Atualizado às 19h48

    O comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar do Rio, o coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, 48, foi assassinado a tiros no fim da manhã desta quinta-feira (26).

    Ele circulava em um carro descaracterizado em uma rua do Méier, bairro da zona norte da cidade onde fica o batalhão sob o comando dele havia um ano e seis meses.

    Um segundo policial militar, que dirigia o carro, também foi atingido na perna, mas foi socorrido e não corre risco de morte. Teixeira chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.

    O carro do coronel foi atingido por ao menos 17 tiros. Pelo menos dois tiros teriam atingido o coronel. A Polícia Civil deu início à investigação.

    A PM divulgou duas versões do ocorrido. Numa primeira, disse que o coronel foi vítima de um atentado. Na segunda versão, informou que ele foi atingido durante uma tentativa de assalto. Os bandidos que faziam um arrastão na rua teriam reagido à presença policial no veículo.

    Divulgação/PMERJ
    Coronel Luiz Gustavo Teixeira, do 3º Batalhão no Rio, que morreu após ser baleado nesta quinta
    Coronel Luiz Gustavo Teixeira, do 3º Batalhão no Rio, que morreu após ser baleado nesta quinta

    Teixeira tinha 26 anos de corporação e deixa mulher e dois filhos. Em nota, o governador Luiz Fernando Pezão e o comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias Ferreira, lamentaram a morte do policial.

    O 3º BPM fica no complexo de favelas do Lins, local que, a despeito da presença de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), convive com forte presença de traficantes.

    Após o crime, PM fez incursões na favela em busca dos responsáveis pela morte do coronel. Pelos menos um suspeito já foi identificado.

    Também nesta quinta-feira, um soldado PM morreu em Guadalupe, também na zona norte. Ele foi atingindo durante troca de tiros com suspeitos em frente a um shopping do bairro. Um segundo policial também ficou ferido na ação. As circunstâncias do tiroteio ainda estão sendo investigadas.

    RAIO-X DA CRISE NO ESTADO DO RIO

    BUSCA

    O comandante-geral da PM disse que solicitará apoio das Forças Armadas para encontrar os assassinos de Teixeira.

    Pelo menos 130 policiais militares já foram acionados em operação iniciada no fim da tarde desta quinta no Complexo do Lins –um dos suspeitos identificados seria da favela da Cachoeirinha, que integra a comunidade. Até as 19h10, não havia sido divulgado balanço da operação.

    Procurado, o Comando Militar do Leste afirmou que está disponível para auxiliar, mas informou que ainda não há foi tomada nenhuma decisão nesse sentido. Tropas das Forças Armadas estão desde de 28 de julho no Rio para apoio em operações de segurança pública. Elas só podem ser empregadas mediante solicitação do governo do Estado e aprovação do presidente da República.

    112 MORTES

    Com o assassinato de Teixeira, subiu para 112 o número de policiais militares assassinados somente este ano no Estado do Rio. Nos últimos dois dias, ao menos dois outros policiais foram mortos.

    Na noite de terça (24), um soldado da PM de folga foi morto a tiros por dois homens armados também em Guadalupe. Ele deixava um shopping no bairro quando teria sido abordado em uma tentativa de assalto. Ele chegou a ser levado com vida ao hospital.

    Na manhã daquele mesmo dia, em Queimados, município da Baixada Fluminense, um policial foi executado. O carro em que ele estava teve os vidros dianteiros atingidos por pelo menos 13 tiros.

    Há a suspeita de que ele integrasse um grupo de milicianos na região. O Rio atingiu a marca de 100 policiais mortos em agosto deste ano. O centésimo morto foi um sargento que teria sido vítima de um latrocínio. Ele teria reagido a um assalto em São João de Meriti, na Baixada.

    As circunstâncias em que o sargento foi baleado parecem sertípicas dos PMs mortos no Estado : fora de serviço, no final de semana e na Baixada, região que concentra muitas dessas mortes.

    O Rio enfrenta uma grave crise financeira, com cortes de serviços e atrasos de salários de servidores, e está perto de um colapso na segurança pública.

    Um outro efeito dessa crise tem sido o aumento dos índices de criminalidade e a redução do número de policiais em favelas ocupadas por facções criminosas. As UPPs, base policiais em comunidades controladas pelo tráfico perderam parte de seu efetivo.

    Nos últimos meses, têm sido rotina mortos e feridos por bala perdida, além de motoristas obrigados a descer de seus carros para se proteger dos tiros.

    A situação de insegurança também levou o presidente Michel Temer (PMDB) autorizar o uso das Forças Armadas para fazer a segurança pública do Rio até o final do ano que vem.

    Fotomontagem
    Fotomontagem com parte dos 97 PMs assassinados no Rio neste ano
    Fotomontagem com parte dos 97 PMs assassinados no Rio neste ano

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