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    Era agressivo e já tinha sido preso, diz tia de autor de chacina em Campinas

    LUÍS FREITAS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CAMPINAS

    30/10/2017 19h53

    Denny Cesare/Codigo19/Folhapress
    Corpo de uma das vítimas de atirador em Campinas
    Corpo de uma das vítimas de atirador em Campinas

    O segurança Antônio Ricardo Gallo, 28, que matou o pai, duas irmãs, um vizinho e o companheiro de sua ex-namorada na manhã desta segunda-feira (30), em Campinas (a 93 km de São Paulo), foi expulso de casa após ser preso por porte ilegal de arma, em maio deste ano. Ele se matou depois dos crimes.

    A informação é de uma tia materna, que não quis se identificar. Segundo ela, Gallo era agressivo e brigava muito com as irmãs e o pai na casa da família, no Jardim Conceição, bairro de classe média baixa no distrito de Sousas –conhecido pelos condomínios de alto padrão, restaurantes refinados e trilhas de aventura em meio a cenários naturais.

    Gallo foi preso após uma denúncia recebida pela polícia, de que guardava uma arma em sua casa. Como era vigilante, ele tinha licença para usar armas durante o serviço –mas não direito a porte. A arma apreendida, um revólver calibre 38, tinha numeração raspada, justamente como as duas armas, do mesmo modelo, apreendidas com ele após as mortes em sequência nesta manhã.

    Segundo a tia, ele dizia que as próprias irmãs tinham feito a denúncia e afirmava que, quando saísse da prisão, iria "matar todo mundo". Depois de três semanas, foi solto e voltou para casa, mas acabou sendo expulso pelo seu pai. A mãe, Benedita Gallo, morreu em 2015 após um ataque cardíaco.

    "Elas (as irmãs) diziam que era o Ricardo que tinha matado a mãe de desgosto. Porque ele era muito difícil de lidar. Era bruto, agressivo. O pai vivia chamando para ele ir pra igreja, mas ele debochava, falava que era besteira", disse a tia.

    Ela conta que o dinheiro era outra fonte de conflitos na casa. "Ricardo sempre soube poupar dinheiro, porque ajudava pouco em casa. Ele tinha três carros (um deles o Kadett usado nos crimes)", afirmou.

    Depois de ser expulso, Gallo passou a viver em uma pensão, mas pediu para essa tia para usar seu endereço para receber correspondências. Nunca apareceu para buscar suas cartas e encomendas. A tia mostra uma pilha de envelopes, mesmo depois de investigadores terem levado boa parte deles mais cedo.

    NAMORO

    Gallo terminou com a ex-namorada Camila Fiorini, 26, em 2015. Desde então, nunca teve outra companheira –pelo menos nenhuma que tenha apresentado para a família, diz a tia. "Ele gostava muito dela. Dizia que ela só estava com ele por pena. Porque ele era pobre, feio, e ela muito bonita", contou.

    Depois de matar o pai, as irmãs e o vizinho, Gallo dirigiu por cerca de 16 km até a casa de Camila, na Vila Manoel de Nóbrega. Usando um nome falso, pediu para Camila descer para pegar uma encomenda. Ela desconfiou e chamou seu namorado, William da Costa Oliveira, 28.

    Gallo saiu por cerca de 20 minutos e voltou. Encontrou os dois no carro dele, ainda perto do condomínio, e atirou, atingido William na cabeça e Camila no abdome. Ele morreu após ser levado em estado grave ao Hospital Celso Pierro, em Campinas. Camila segue internada no Hospital de Clínicas da Unicamp e não corre risco de vida.

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