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    Clandestina, antena gigante surge no horizonte do Monumento às Bandeiras

    ROGÉRIO GENTILE
    DE SÃO PAULO

    09/11/2017 02h00

    O Monumento às Bandeiras, um dos principais símbolos da cidade de São Paulo, ganhou um vizinho incômodo e clandestino. Trata-se de um estrutura de sustentação de uma antena transmissora de televisão que passou a preencher o campo visual de quem tenta observar a escultura.

    O equipamento foi instalado sem autorização da Prefeitura de São Paulo e dos órgãos responsáveis pelo patrimônio histórico. Fica sobre o imóvel 49 da avenida Brasil, no Jardim América e, segundo a empresa proprietária, tem 10 metros de altura.

    O monumento é tombado desde 1985, e nada pode ser erguido em seu entorno sem autorização do Condephaat e do Conpresp, órgãos, respectivamente, do governo do Estado e da prefeitura.

    A regra existe justamente para que nada seja feito de modo a atrapalhar a visibilidade de um bem importante do ponto de vista histórico, cultural ou artístico. A estrutura está também na área de influência do tombamento do parque Ibirapuera e o dos Jardins.

    Nada disso, no entanto, impediu a sua construção pela Sociedade de Comunicação Educativa e Cultural Menotti Del Picchia. A empresa responde pelas emissoras ZTV e TV8 -a última transmite a Rede Século 21, ligada à Igreja Católica. Amaury Jr. chegou a gravar uma entrevista no local com o empresário Oscar Maroni.

    Questionada pela Folha sobre existência de autorização legal para instalar a antena, a empresa se limitou a dizer que a estrutura metálica em questão não é uma antena, pois "como se pode ver, não existem equipamentos irradiantes."Trata-se, apenas, de um conjunto de estrutura metálica sem quaisquer funções próprias de uma antena receptora e/ou retransmissora", afirma a empresa.

    "De fato, não é uma antena, é uma nave espacial", ironizou o vereador Camilo Cristófaro (PSB), da Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal, que aprovou um requerimento cobrando esclarecimentos dos proprietários sobre a instalação.

    Até pouco tempo atrás, a estrutura era iluminada à noite nas cores azul e vermelho berrantes. Após reclamações dos vizinhos, a Menotti Del Picchia decidiu desligar o sistema de iluminação.

    O nome da empresa, de João Zampini e Pedro Alvarenga Zampini, é uma homenagem ao escritor Menotti del Picchia (1892-1988), ativista do modernismo brasileiro.

    Atribui-se justamente a Del Picchia a responsabilidade de ter sugerido o tema das bandeiras ao escultor Victor Brecheret (1894-1955), que finalizou o monumento em 1953, 30 anos após sua concepção.

    A Prefeitura Regional de Pinheiros multou a empresa em R$ 98.800 e diz que, enquanto a situação não for regularizada, receberá uma nova autuação a cada 90 dias. O Ministério Público abriu um inquérito sobre o caso.

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