Sebastião já nasceu tendo que lidar com números superlativos: era o caçula dos 12 filhos de um casal simples de Jaú (a 303 km de São Paulo).

A família toda migrou para a capital e se instalou na zona norte. Sebastião continuou lidando com cifras: tinha que fazer caber o valor da mensalidade da faculdade no curto salário de office-boy num escritório de contabilidade -aproveitando-se da voluntariedade do rapaz, os patrões faziam-no lavar os banheiros da firma.

Não é todo mundo que se dá com planilhas de cálculo, escrituração e derivados, mas a arte de fazer um balanço patrimonial pegou Sebastião.

Já contador formado, conhecido no mercado e atuante na categoria, sentiu necessidade de difundir seu conhecimento. Sabendo do descalabro das contas pessoais da maioria dos brasileiros, colaborou durante dez anos com a cobertura do Imposto de Renda feita pelo jornal "Agora" -era o responsável por tirar as dúvidas dos leitores.

A solicitude vinha de antes: costumava interromper os momentos de descanso em sua chácara para atender telefonemas de clientes com dúvidas sobre fluxo de caixa. "A gente chamava o escritório de 'Casa de Caridade São Sebastião'. Não cobrava os inadimplentes, ajudava funcionários com problemas pessoais. Só se incomodava ao ver a mesa bagunçada", afirma Andrêia, sobrinha e sócia.

Espírita, fazia trabalho voluntário em asilos e promovia almoços beneficentes. No último dia 25, estava em um congresso no Peru quando teve um mal súbito. Tinha 60 anos. Deixa mulher, três filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missas