• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 22:24:58 -03

    Funcionários de terminal envolvidos em agressão a ator negro são afastados

    DE SÃO PAULO

    18/11/2017 21h13 - Atualizado às 21h53

    Funcionários do terminal Parque Dom Pedro 2º, acusados de racismo pelo ator Diogo Cintra, foram afastados das suas atividades na tarde deste sábado (18).

    Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, todos os seguranças que aparecem em imagens das câmeras de segurança no momento em que o ator pediu ajuda vão ficar longe do trabalho até o fim das investigações.

    A pasta não soube precisar o número de funcionários afastados.

    Na madrugada de quarta-feira (15), o jovem estava a pé a caminho do terminal quando foi abordado por dois homens que queriam roubar seu celular. Assustado, Cintra correu até as catracas e disse a uma das seguranças que estava sendo assaltado.

    "Estava a pé quase chegando ao terminal Parque Dom Pedro 2º, para pegar um dos três ônibus até a minha casa, quando fui abordado por dois homens. Eles perguntaram o que eu tinha para lhes dar e logo percebi que se tratava de um assalto. Como estava perto do terminal, vi que dava para correr em busca de segurança e foi o que fiz."

    De acordo com o ator, os funcionários ignoraram seus pedidos de socorro e ainda o confundiram com um assaltante.

    "Apareceram mais três homens com paus nas mãos e três cachorros. Eles disseram aos seguranças que eu tinha tentado assaltá-los. Eu insistia que não havia feito nada, mas não tinha poder de fala diante dos agressores. Eles convenceram os funcionários do terminal que eu devia pagar pelo roubo, apesar de nunca o ter cometido."

    "Os seguranças olharam impassíveis quando os homens me pegaram pelo braço e me levaram para fora em direção ao rio Tamanduateí que passa lá do lado. Já era começo da manhã e havia outros passageiros nas plataformas, mas ninguém me ajudou."

    Ele foi espancado por um grupo de cinco homens, que lhe roubaram o celular e a carteira. O ator contou que levou socos e pontapés pelo corpo, além de pauladas e mordidas de cachorro.

    "Foi nesse momento que começaram as agressões. Tomei socos pelo corpo todo e pauladas na cabeça. Gritava e implorava para que parassem, mas eles continuavam com as agressões e os xingamentos. Ofereci que levassem meu celular na tentativa de me livrar daquela situação, mas não adiantou. Eles roubaram minha carteira também."

    "Em um momento, me deixaram correr e foi quando soltaram os cachorros para cima de mim. Tomei diversas mordidas nas pernas, braços e pés. Os cachorros até arrancaram o sapato que eu estava usando. Não sei dizer quanto tempo tudo isso durou, até uma moça que fazia parte do grupo espantar os cachorros e pedir para pararem de me bater. Finalmente, me deixaram ir."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024