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    Vigilância Sanitária interdita PS de hospital referência na zona leste de SP

    LEONARDO FUHRMANN
    DO "AGORA"

    05/12/2017 02h00

    Robson Ventura/Folhapress
    A Vigilância Sanitária fechou o pronto-socorro Santa Marcelina de Itaquera, na última sexta-fetira, por causa de superlotação
    A Vigilância Sanitária fechou o pronto-socorro Santa Marcelina de Itaquera por causa de superlotação

    O Centro de Vigilância Sanitária Estadual interditou parcialmente o pronto-socorro de atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) do Hospital Santa Marcelina de Itaquera (zona leste), o maior da mais populosa região da cidade de São Paulo. A decisão, tomada na última quinta-feira (28), impede a unidade de receber novos pacientes, exceto nos casos de extrema urgência.

    A Secretaria de Saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que decidiu pela interdição cautelar e parcial da unidade de internação cirúrgica, do ambulatório de quimioterapia e de uma das UTIs adulto porque "foi constatada insuficiência de profissionais para o atendimento e problemas estruturais, tais como falta de ventilação e ausência de espaço físico adequado para acomodar os pacientes".

    O próprio hospital, que é filantrópico, administrado pela entidade Santa Marcelina, divulgou uma nota em que admite os problemas. A Polícia Militar, os bombeiros e o Samu já foram orientados a não levar pacientes para o local. O hospital é considerado de referência na região por conta do setor de alta complexidade.

    Na tarde desta segunda (4), já havia obras sendo feitas no local interditado e uma placa com o símbolo do governo federal foi afixada. Outros setores do hospital funcionavam sem problema, inclusive o pronto-socorro que atende pacientes particulares e de convênios de saúde. O único movimento relacionado aos pacientes do pronto-socorro do SUS era de visitantes.

    O governo paulista afirma ainda que o hospital foi notificado a apresentar, até o dia 11 de dezembro, uma proposta de adequação dos setores e seu respectivo tempo de execução. O documento será avaliado tecnicamente pela Vigilância Sanitária.

    Para Maria Ferreira, a Alda, do Movimento Popular de Saúde, a situação deve agravar a situação de outros hospitais da região, que já apresentam falhas no atendimento. "Temos problemas com hospitais que precisam de reformas urgentes, como é o caso do Planalto, também em Itaquera, e o Tide Setúbal, em São Miguel Paulista. A situação agora fica mais grave", afirma.

    CAPACIDADE

    A direção do hospital Santa Marcelina divulgou uma nota em que confirma problema no pronto-socorro e o atribui à superlotação. Segundo o comunicado, o pronto-socorro clínico, que tem 20 leitos para internação, mantinha em média 50 pacientes internados. Afirma ainda que a situação é semelhante no pronto-socorro cirúrgico. Com capacidade para receber 14 pacientes, o setor ficava com 40 pacientes internados em média.

    O Santa Marcelina é privado e filantrópico, administrado pelas freiras católicas Irmãs de Santa Marcelina. Segundo a organização, 87% de seu atendimento é do SUS. A entidade também administra outras unidades de saúde.

    Segundo a prefeitura, os casos sem gravidade são encaminhados à UPA Itaquera e aos hospitais municipais Dr. Waldomiro de Paula (Planalto) e Tide Setúbal. Quando é necessário atendimento de alta complexidade, o encaminhamento é para o Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio (Tatuapé). Apenas os casos de urgência e emergência, em que os pacientes precisam chegar rapidamente ao hospital, são levados ao PS do Hospital Santa Marcelina.

    O hospital já havia parado de atender os pacientes do SUS em agosto de 2011. Na ocasião, o motivo alegado para a interdição foi o excesso de pacientes, assim como agora. Nos dois momentos o pronto-socorro que atende pacientes particulares e associados aos planos de saúde não foi atingido. Na outra vez, a decisão foi tomada pelo próprio hospital, diferentemente de agora, quando a decisão partiu da Vigilância Sanitária.

    ESPERA

    Às 17h desta segunda, a assistente administrativa Katia Cristina Gomes, 39, aguardava havia quatro horas, o atendimento de seu filho Wendell, 19, no hospital municipal Professor Dr. Waldomiro de Paula, conhecido como Planalto, em Itaquera, que acabou ficando sobrecarregado por causa do fechamento parcial do pronto-socorro do Hospital Santa Marcelina, segundo pacientes e funcionários.

    "Ele [Wendell] está com febre alta, dores no peito e tosse. Viemos para saber se é dengue ou se é só uma gripe forte", afirma Katia.

    Com todas as cadeiras na sala de espera ocupadas, outros pacientes e acompanhantes também aguardavam de pé ou sentados no chão. O PS de adultos na unidade é separado do infantil, que funciona junto com o de obstetrícia. Lá, Talita da Silva, 27, esperava no banco do lado externo, ao lado da mãe, Marli Aparecida da Silva, 45. "Chegamos aqui às 9h, ela está com contrações e não pode entrar em trabalho de parto porque ainda não é o momento."

    Segundo a Secretaria de Saúde da gestão João Doria (PSDB), a rede municipal está passando por um processo de reorganização para absorver o esperado aumento de demanda na região. Ao todo, a zona leste conta com conta com 45 serviços de saúde, sendo quatro hospitais municipais.

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