A correspondência trocada entre Suzana e Melchíades é uma autêntica memorabilia da segunda metade dos anos 1960: cigarros Capri, recortes de tirinhas do Zé do Boné, fitas cassete com canções de Chico Buarque e Caetano Veloso, relatos dos festivais musicais que tomavam o país.
A curadoria era dela, baseada em São Paulo; ele, bolsista, estudava na Bélgica.
Aproximaram-se por causa do Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo). Ele fazia parte do elenco da primeira peça da história do grupo, "Morte e Vida Severina", ela estrelava o musical "O&A", que entrou em cartaz na sequência.
O namoro virou casamento em 1969, um ano depois que ele voltou, e durou 23 anos. "Descobri pelas cartas que ela seria minha companheira", diz Melchíades.
Psicóloga de formação, Suzana foi orientadora educacional dos colégios Santa Cruz e Santa Maria, tradicionais escolas paulistanas. Seus pais, Antônio Fernando e Alzira, eram membros influentes da Escola de Pais, uma organização internacional voltada à educação familiar.
Violonista e pianista, cantava e chegou a compor músicas que fizeram algum sucesso no meio estudantil.
"Ela era afinada, muito afinada. Na nossa juventude todo mundo vivia em torno de um violão e ela se destacava", lembra o ex-marido.
Fez questão de cultivar amizades até o fim –reunia-se mensalmente com o grupo de amigas de faculdade.
Morreu no último dia 12, aos 72 anos, de câncer no fígado. Deixa os filhos Tiago, Maria Isabel e Cristiano, noras, genro e quatro netas.
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| Suzana Maria Camargo Lopes Cunha (1944-2017) |
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