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    Quadrilha usa perfume para disfarçar furto de diesel em dutos da Petrobras

    DE SÃO PAULO

    11/12/2017 12h08 - Atualizado às 15h43

    A Polícia Civil desmantelou um esquema sofisticado de furto de diesel em oleodutos da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Santo André (Grande São Paulo). Um casal foi preso, mas as investigações apontam para a existência de mais suspeitos.

    O crime foi descoberto neste domingo (10), quando a subsidiária da Petrobras acionou a polícia após constatar uma intervenção clandestina em sua rede de dutos. De acordo com a polícia, o furto ocorria a partir de uma casa, localizada na Vila Palmares.

    Para atingir o duto enterrado no solo, o criminosos ergueram um poço de aproximadamente três metros de profundidade e depois um túnel de 40 metros de extensão, que ligava o equipamento até a casa usada para camuflar e administrar o furto.

    Uma válvula implantada diretamente no duto interligava uma mangueira até um tanque, com capacidade para 20 mil litros que ficava escondido dentro de um caminhão-baú. Para disfarçar o cheiro provocado pela grande quantidade de combustível movimentado, os suspeitos usavam até perfume, segundo a polícia.

    Reprodução/TvGlobo
    Casa e túnel erguido por quadrilha para furtar oleoduto da Transpetro, em Santo André (Grande SP)
    Casa e túnel erguido por quadrilha para furtar oleoduto da Transpetro, em Santo André (Grande SP)

    No endereço da quadrilha, a polícia prendeu Jussara Aparecida Ricardo Reis, 38, e Isaque Almeida Santos, 30, que foram apontados como os responsáveis por gerenciar a extração do produto.

    As retiradas de óleo eram diárias. De acordo com as investigações, a quadrilha pode ter atuado por ao menos dois meses, mesmo período em que os moradores da região perceberam uma movimentação estranha na casa dos criminosos.

    Neste domingo, a carga apreendida pela polícia foi de óleo diesel S10, mas o duto da Transpetro transportava vários outros derivados de petróleo.

    As operações diretas no duto feitas pela quadrilha, segundo a Transpetro e a própria polícia, poderiam ter causado explosões. O caso ganhou ainda mais atenção das autoridades porque os dutos abastecem a Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, que é responsável pela produção de 30% de todo o combustível comercializado na Grande São Paulo.

    A Transpetro informou, por meio de nota, que não houve vazamento e, no momento, não há risco de explosão no local. Equipes da companhia foram mobilizadas para realizar o reparo no duto. "As autoridades competentes foram comunicadas e a Transpetro colabora com as investigações", disse a subsidiária.

    De acordo com o delegado Jan Plzak, titular da 3ª delegacia do Patrimônio, as investigações buscam agora localizar os demais suspeitos, quem receptava o combustível furtado e o técnico responsável pela perfuração. "É uma técnica feita por quem entende disso. Precisa ter equipamentos e conhecimentos para realizá-la", afirmou o delegado.

    O casal detido responderá na Justiça pelos crimes de furto continuado e associação criminosa. A reportagem da Folha não localizou a defesa dos suspeitos até esta publicação.

    Furtos de petróleo de combustíveis em dutos da Petrobras dispararam em 2016 em todo o país, o que provocou uma mobilização da empresa e de autoridades para desmobilizar quadrilhas especializadas. No Rio, esses grupos protagonizam uma guerra sangrenta pelo controle da atividade.

    No ano passado, foram 73 ocorrências, uma média de mais de quatro por mês, contra apenas 14 em 2015 e apenas uma em 2014. Além do prejuízo financeiro, o furto em tubulações gera riscos de vazamentos e explosões.

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