A notícia seria a renúncia do ministro da Agricultura, mas o censor destacado pela ditadura não achou apropriado. Osvaldo Martins, então, correu para a gráfica de "O Estado de S. Paulo" para incluir um anúncio na primeira página com o texto "Agora é Samba". Uma forma de mostrar a censura ao leitor.

A história, ocorrida em maio de 1973, era uma das várias contadas pelo jornalista, que adorava falar sobre os dribles dados ocasionalmente na censura da época.

Nascido em Santos, no litoral paulista, Osvaldo começou a carreira no jornal "A Tribuna", nos anos 1960, passando também pela TV Globo e pela "Veja". Mudou um pouco de rumo na década de 1980, quando trabalhou nas campanhas do amigo Mário Covas, de quem foi assessor no governo municipal e secretário no governo estadual.

Nos anos 2000, criou a Fundação Mário Covas, que presidiu por seis anos, e foi ombudsman da TV Cultura, o primeiro da televisão brasileira.

Alegre, ele dedicava as horas vagas à família, ao futebol –era santista roxo– e ao samba. Chegou a escrever 11 enredos para a Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, que foi duas vezes campeã com suas composições.

De opiniões fortes, criou um blog há cerca de dez dias, já pensando nas eleições presidenciais do próximo ano, explica a filha, Paula. "Ele estava escrevendo bastante, estava empolgado. Queria um espaço de reflexão política", diz.

Foi parado por um infarto, na madrugada desta quinta (14), que o matou aos 77. Deixa a mulher, Sueli, com quem era casado há mais de 50 anos, dois filhos e dois netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

	Reprodução/Facebook
	Osvaldo Martins de oliveira filho (1940-2017) ao lado do ex-governador Mário Covas

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