• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 15:45:28 -03

    Sem espaço, cemitério na Grande São Paulo abre sepulturas em calçadas

    ALINE MAZZO
    DO "AGORA"

    27/12/2017 02h00

    Por falta de espaço, o cemitério da Saudade, em Mogi das Cruzes (Grande SP), tem aberto sepulturas em espaços que antes eram calçadas. Em algumas quadras, as covas foram abertas em frente a túmulos antigos, impedindo o acesso até eles.

    A abertura das novas sepulturas começou em setembro, pela data marcada nas cruzes, na região da quadra 112. Lá, a reportagem verificou que cerca de 20 novas covas foram abertas em frente a 33 túmulos mais antigos.

    Assim, se alguém quiser se aproximar dessas sepulturas, precisará subir sobre as que foram feitas recentemente.

    Segundo funcionários, que pediram para não ser identificados, a ordem veio da direção do cemitério da Saudade, como opção à falta de espaço para novas covas. "Dá até vergonha de mostrar isso para o familiar de um morto", disse um deles.

    Na quadra 14, por exemplo, seis covas foram abertas em frente a outros túmulos. Neste ponto, as sepulturas datam do fim de novembro e começo de dezembro. A maioria delas ainda não tem acabamento de cimento e é identificada com uma cruz.

    O cemitério da Saudade conta com cerca de 9.000 jazigos e é um dos três espaços públicos para sepultamento na cidade –há ainda um cemitério particular.

    Outras covas também foram abertas em calçadas de várias quadras do cemitério, mas sem impedir o acesso às sepulturas antigas.

    Esses túmulos foram colocados no fim e no início das quadras, junto a postes, árvores e lixeiras. Nesses casos, é possível ver que os novos espaços têm, em média, cerca de 75 cm de largura, enquanto os mais antigos medem 1,30 m.

    Além dos túmulos em calçadas, o que mais chama a atenção de quem visita o cemitério da Saudade é a falta de corte da grama.

    Há mato alto entre os jazigos, no pouco espaço que sobra para as pessoas circularem entre os túmulos, e dentro de algumas sepulturas que têm o entorno de concreto e o meio de terra.
    Em alguns locais o mato chega a ter mais de 50 cm de altura, encobrindo jazigos.

    Segundo funcionários, com o período de chuvas, a vegetação cresce mais rápido e a equipe disponível para capinagem não dá conta de manter todo o cemitério com o mato cortado.
    ação excepcional

    A Prefeitura de Mogi das Cruzes diz que a abertura das sepulturas em frente aos jazigos é uma "ação excepcional" para atender "demanda específica e urgente". O cemitério realiza cerca de 165 enterros por mês ante 150 exumações.

    Para tentar solucionar esse problema, a administração informou que estão sendo criados novos jazigos e a retomada de túmulos em estado de abandono. A prefeitura afirma que as sepulturas não ficarão em frente aos túmulos de maneira permanente e que os espaços mais estreitos destinam-se a corpos de crianças.

    Sobre os serviços de manutenção, a administração diz que há ações contínuas de capinagem e combate à dengue.

    Edição impressa
    Agora

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024