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    Garoto com doença rara corre em MG guiado pela mãe em cadeira adaptada

    CINDHI BELAFONTE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM UBERLÂNDIA (MG)

    27/12/2017 02h00

    Sob os olhares admirados de atletas do Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG), Pedro Cordeiro, 11, percorre sorridente toda a extensão da pista de corridas sentado em sua cadeira de rodas adaptada, conduzida pela mãe, Karolina Cordeiro.

    A atividade faz parte de uma rotina de treinos diários que começou em 2012, quatro anos depois de o garoto receber o diagnóstico da Síndrome de Aicardi Goutieres, uma doença rara que inviabiliza todos os movimentos do corpo e também a fala. Ainda não se tem muitas informações científicas e médicas a respeito da enfermidade.

    Pedro tinha nove meses quando começou a ficar sonolento e perder os poucos movimentos adquiridos.

    "Procuramos os melhores especialistas do país, fizemos inúmeros exames, mas passamos quase dois anos sem um diagnóstico preciso", conta a mãe. "Cada vez que o exame não apontava o que ele tinha, o pânico tomava conta de mim. Quando não se sabe o nome da doença, o medo de perder é maior."

    Em 2008, depois de ler um artigo de oito linhas em inglês sobre a síndrome, Karolina escreveu para o pesquisador que conduzia os estudos no mundo. O diagnóstico da doença veio naquele ano por um neuropediatra, nos Estados Unidos.

    CORRIDA

    Mesmo sem conseguir descrever a importância da corrida em sua vida, Pedro demonstra muita alegria durante os treinos e competições.

    Ele usa um triciclo adaptado, específico para a atividade. Sorri o tempo todo, especialmente quando está correndo. A comunicação se dá, quase o tempo todo, com os olhos. De acordo com a mãe, ele sempre foi calmo, mas passou a dormir melhor e ficou mais alegre depois do esporte.

    "A limitação física do Pedro não o impede de viver com qualidade e ser feliz. A corrida mostra para o mundo um outro lado da vida das pessoas com deficiência, prova que a vontade é mais importante", afirma a mãe.

    A dupla conta, uma vez ou outra, com a companhia de Ana Júlia, 13, e Giovana, 7, irmãs de Pedro.

    A primeira corrida aconteceu no Dia das Mães de 2012, em uma competição em Uberlândia. Desde então, mãe e filho colecionam mais de 80 participações e carregam na bagagem a experiência de ter conduzido a tocha olímpica em 2016.

    Além do esporte, a dupla tem outra atividade: a dança. Desde 2013, quando tiveram contato com a modalidade por meio de um cadeirante que vendia balas no sinal, e de quem Pedro ficou amigo, mãe e filho se apresentam semanalmente em escolas e eventos de Uberlândia.

    "Criamos uma coreografia base, mas vamos modificando durante a apresentação. O Pedro é quem dá o tom. A depender do que ele quer fazer, modificamos os passos", diz.

    A corrida e a dança ajudam a garantir a qualidade de vida e asseguram vivência social a Pedro.

    Karolina ainda distribuiu cartilhas sobre como comerciantes devem lidar com cadeirantes. No ano passado, ela contou por meio do livro "Pedroca, o Menino que Sabia Voar" parte da história do filho.

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