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Maria Aparecida Justo da Silva Schoenacker (1938-2017) |
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Cotidiano
Saturday, 04-May-2024 01:33:00 -03Maria Aparecida Justo da Silva Schoenacker (1938-2017)
Mortes: Educadora, foi rede social antes de existir a internet
ANTONIO MAMMI
DE SÃO PAULO28/12/2017 00h00
Cartas com recortes de jornal, indicações de livros durante uma conversa, um telefonema para comentar sobre algum trabalho acadêmico recente. Maria Aparecida não tinha a potência nem a base de dados do algoritmo do Facebook, mas viveu a maior parte da vida como uma rede social analógica.
No entanto, diferente do descendente multibilionário, ela não tinha propensão a gerar bolhas de classe ou de afinidade. Na verdade, sua atuação profissional indica o contrário: durante a década de 1960, foi professora do Curso Vocacional Oswaldo Aranha, escola paulistana que integrava um projeto experimental do governo do Estado.
Com uma proposta pedagógica centrada na pesquisa junto à comunidade do entorno e na deliberação sobre os rumos das escolas em assembleias formadas por alunos, esses colégios não teriam vida longa.
Sob a alegação de que o ensino vocacional teria o objetivo de sovietizar o país, a ditadura militar fechou as seis unidades do gênero em São Paulo –na capital, o Exército chegou a ocupar a escola.
O fim do Oswaldo Aranha não deu refresco à educadora. Em 1974, ela e o marido Ângelo, também professor, foram presos.
Pais de duas crianças, resolveram se dedicar à iniciativa privada depois de soltos.
Nos seus últimos dias, na UTI, não sossegou enquanto a filha não entendesse as instruções para os presentes de Natal –do bilhete ao embrulho, cada um tinha destinatário certo e insubstituível.
Morreu no último dia 7, aos 79 anos, de complicações de um infarto. Deixa marido, duas filhas e dois netos.
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