Quem teve a avenida Angélica como parte de seu itinerário diário provavelmente já se deparou com Edith –seja pelas caminhadas em volta do parque Buenos Aires ou pelas visitas ao gerente de confiança no supermercado vizinho, ela fez parte da paisagem de Higienópolis durante décadas.
Não era só pelo bate-perna que seu rosto era conhecido por moradores do bairro. Deu aulas de português no Colégio Piratininga, próximo ao Minhocão, e na Caetano de Campos, no centro, exemplo clássico dos nostálgicos do ensino público de antigamente.
Edith sempre quis ser professora, mas não em ambiente fechado. Alta e atlética, praticou basquete e natação na juventude e almejava estudar educação física –profissão que não constava no cardápio de seu pai, um dono de olaria em Guará (a 399 km de São Paulo).
Formada em letras, também foi docente universitária: teve cadeira na PUC paulistana e na Universidade São Marcos. Na última fase da carreira, ainda foi assistente de José Pinotti durante seu período à frente da pasta de Educação do governo Montoro (PSDB).
Era sociável, vivaz e ativa. "Ela chamava a atenção em qualquer situação social", lembra o neto Fernando.
Não faz muito tempo que visitou um neuropsicólogo para testar a memória, que começava a falhar. Ao fim da consulta, descobriu que o médico era mais um dos muitos que cruzaram seu caminho: Edith, para ele, fora a melhor professora de sua infância.
Morreu no dia 16, aos 89, de complicações do mal de Alzheimer. Deixa dois filhos, três netos e duas irmãs.
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| Edith Amorim Soares (1928-2017) |
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